10 de agosto de 2013

VIVER PARA AQUILO QUE É DEFINITIVO


(Uma reflexão para o 19º Domingo do Tempo Comum)
O fim para o qual vivemos reflete-se em cada uma de nossas ações. A cada momento pode chegar o fim de nossa vida. Seja este fim aquilo que vigilantes esperamos, como a noite da libertação, que encontrou os israelitas preparados para saírem (1ª leitura), e não como uma noite de morte e condenação, como o empregado malandro que é pego de surpresa pela volta inesperada de seu patrão (evangelho).
Devemos preparar-nos para o definitivo de nossa vida, aquilo que permanece, mesmo depois da morte. Mensagem difícil para o nosso tempo de imediatismo. Muitos nem querem pensar no que vem depois; contudo, a perspectiva do fim é inevitável. Já outros veem o sentido da vida na construção de um mundo novo, ainda que não seja para eles mesmo, mas para seus filhos ou para as gerações futuras, se não têm filhos. Assim como os antigos judeus colocavam sua esperança de sobrevivência nos seus filhos, estas pessoas a colocam na sociedade do futuro. É nobre. Mas será suficiente?
Jesus abre outra perspectiva: um tesouro no céu, junto a Deus. Aí a desintegração não chega. Mas, olhar para o céu não desvia nosso olhar da terra? Não leva à negação da realidade histórica, desta terra, da nova sociedade que construímos? Ou será, pelo contrário, uma valorização de tudo isso? Pois, mostrando como é provisória a vida e a história, Jesus nos ensina a usá-las bem, para produzir o que ultrapassa a vida e a história: o amor que nos torna semelhantes a Deus. Este é o tesouro do céu, mas ele precisa ser granjeado aqui na terra.
A visão cristã acompanha os que se empenham pela construção de um mundo novo, solidário e igualitário, para suplantar a atual sociedade baseada no lucro individual. Mas não basta ficar simplesmente neste nível material, por mais que ele dê realismo ao empenho do amor e da justiça. A visão cristã acredita que a solidariedade exercida aqui na História é confirmada para além da História. Ultrapassa nosso alcance humano. É a causa de Deus mesmo, confirmada por quem nos chamou à vida e nos faz existir. À utopia histórica, a visão cristã acrescenta a fé, “prova de realidades que não se veem” (2ª leitura). A fé, baseada na realidade definitiva que se revelou na ressurreição de Cristo, nos dá a firmeza necessária para abandonar tudo em prol da realização última – a razão de nosso existir. 
 
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