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XIV ASSEMBLEIA GERAL
ORDINÁRIA
A
VOCAÇÃO E A MISSÃO DA FAMÍLIA
NA IGREJA E NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
NA IGREJA E NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
LINEAMENTA
Cidade do Vaticano
2014
2014
PREFÁCIO
No final da III Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos acerca do tema Os desafios pastorais sobre a família no contexto da
evangelização, celebrada em 2014, o Papa
Francisco decidiu
tornar pública a Relatio Synodi, documento com o qual se encerraram os
trabalhos sinodais. Ao mesmo tempo, o Santo Padre indicou que este documento
constituirá os Lineamenta para a XIV Assembleia Geral
Ordinária sobre o tema A vocação e a missão da família na Igreja e no
mundo contemporâneo, que terá lugar de 4 a 25 de outubro de 2015.
A Relatio Synodi, que é enviada como Lineamenta,
terminou com as seguintes palavras: «As reflexões propostas, fruto dos
trabalhos sinodais que tiveram lugar em grande liberdade e segundo um estilo de
escuta recíproca, tencionam levantar interrogações e indicar perspectiva que
deverão ser amadurecidas e especificadas pela reflexão das Igrejas locais ao
longo do ano que nos separa da Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos»
(Relatio Synodi, n. 62).
Aos Lineamenta acrescenta-se
uma série de perguntas para saber como o documento foi recebido e para
solicitar o aprofundamento do trabalho começado durante a Assembleia
Extraordinária. Trata-se de «voltar a considerar com renovados vigor e
entusiasmo aquilo que a revelação, transmitida na fé da Igreja, nos diz sobre a
beleza, sobre o papel e sobre a dignidade da família»(Relatio Synodi, n. 4). Nesta perspectiva, somos chamados a
viver «um ano para amadurecer, com verdadeiro discernimento espiritual, as
ideias propostas e encontrar soluções concretas para muitas dificuldades e
numerosos desafios que as famílias devem enfrentar» (Papa
Francisco, Discurso conclusivo, 18 de outubro de 2014).
As Conferências Episcopais
estão convidadas a escolher as modalidades adequadas para esta finalidade,
comprometendo todos os componentes das Igrejas particulares e instituições acadêmicas,
organizações, agremiações laicais e outras instâncias eclesiais.
(5-19 de outubro de 2014)
1. O Sínodo dos Bispos
congregado ao redor do Papa dirige o seu pensamento a todas as famílias do
mundo, com as suas alegrias, as suas dificuldades e as suas esperanças. De modo
particular, sente o dever de dar graças ao Senhor pela fidelidade generosa com
a qual tantas famílias cristãs respondem à sua vocação e missão. E fazem-no com
alegria e com fé, mesmo quando o caminho familiar as coloca perante obstáculos,
incompreensões e sofrimentos. A estas famílias dirigem-se o apreço, o
agradecimento e o encorajamento da Igreja inteira e deste Sínodo. Na vigília de oração celebrada na Praça de São Pedro no
sábado 4 de outubro de 2014, em preparação para o Sínodo sobre a família, o Papa
Francisco evocou
de maneira simples e concreta a centralidade da experiência familiar na vida de
todos, expressando-se com estas palavras: «Desce já a noite sobre a nossa
assembleia. É a hora em que de bom grado se regressa a casa para se reunir à
mesma mesa na consistência dos afetos, do bem feito e recebido, dos encontros
que abrasam o coração e o fazem crescer, vinho bom que antecipa, nos dias do
homem, a festa sem ocaso. Mas é também a hora mais pesada para quem se vê cara
a cara com a própria solidão, no crepúsculo amargo de sonhos e projetos
desfeitos. Quantas pessoas arrastam os seus dias ao beco sem saída da
resignação, do abandono, ou até do rancor! Em quantas casas faltam o vinho da
alegria e, consequentemente, o sabor – a própria sabedoria – da vida! Nesta
noite, com a nossa oração, tornemo-nos voz de uns e de outros: uma prece por
todos».
2. Ventre de alegrias e de
provações, de afetos profundos e de relacionamentos por vezes feridos, a
família é verdadeiramente «escola de humanidade»(cf. Gaudium et Spes, 52), cuja necessidade é fortemente sentida.
Não obstante os numerosos sinais de crise da instituição familiar nos vários
contextos da «aldeia global», o desejo de família permanece vivo, de forma
especial entre os jovens, motivando a Igreja, perita em humanidade e fiel à sua
missão, a anunciar incessantemente e com profunda convicção o «Evangelho da
família», que lhe foi confiado mediante a revelação do amor de Deus em Jesus
Cristo e ininterruptamente ensinado pelos Padres, pelos Mestres da
espiritualidade e pelo Magistério da Igreja. A família adquire para a Igreja
uma importância totalmente particular e, no momento em que todos os fiéis são
convidados a sair de si mesmos, é necessário que a família volte a descobrir-se
como protagonista imprescindível da evangelização. O pensamento dirige-se ao
testemunho missionário de numerosas famílias.
3. Sobre a realidade da
família, decisiva e preciosa, o Bispo de Roma exortou a meditar o Sínodo dos Bispos na sua Assembleia Geral Extraordinária, que teve lugar em outubro
de 2014, para depois aprofundar a reflexão na Assembleia Geral Ordinária, que
se realizará em outubro de 2015, bem como durante o ano inteiro que intercorre
entre estes dois acontecimentos sinodais. «O próprio convenire in
unum à volta do Bispo de Roma já é evento de graça, no qual a
colegialidade episcopal se manifesta num caminho de discernimento espiritual e
pastoral»: com estas palavras o Papa
Francisco descreveu
a experiência sinodal, indicando as suas tarefas na dúplice escuta dos sinais
de Deus e da história dos homens, e na dupla e única fidelidade que disto
deriva.
4. À luz deste mesmo discurso
reunimos os resultados das nossas reflexões e dos nossos diálogos nas seguintes
três partes: a escuta, para analisar a realidade da família hoje, na
complexidade das suas luzes e das suas sombras; o olhar fixo em Cristo, para
voltar a considerar com renovados vigor e entusiasmo aquilo que a revelação,
transmitida na fé da Igreja, nos diz sobre a beleza, sobre o papel e sobre a
dignidade da família; e o confronto à luz do Senhor Jesus, para discernir os
caminhos através dos quais renovar a Igreja e a sociedade no seu compromisso em
prol da família, fundamentada no matrimônio entre um homem e uma mulher.
A escuta: o contexto e os
desafios sobre a família
5. Fiéis ao ensinamento de
Cristo, olhamos para a realidade da família de hoje em toda a sua complexidade,
nas suas luzes e nas suas sombras. Pensamos nos pais, nos avós, nos irmãos e
nas irmãs, nos parentes próximos e distantes, bem como no vínculo entre duas
famílias que cada matrimônio tece. A mudança antropológico-cultural influencia
hoje todos os aspetos da vida e exige uma abordagem analítica e diversificada.
Há que sublinhar, antes de tudo, os aspetos positivos: a maior liberdade de
expressão e o melhor reconhecimento dos direitos da mulher e das crianças, pelo
menos em determinadas regiões. No entanto, por outro lado, é igualmente
necessário ter em consideração o perigo crescente representado por um individualismo
exasperado que desnatura os vínculos familiares e acaba por considerar cada
componente da família como uma ilha, levando a prevalecer, em certos casos, a
ideia de um protagonista que se constrói em conformidade com os seus próprios
desejos, assumidos como um absoluto. A isto acrescenta-se também a crise da fé,
que atingiu numerosos católicos e que muitas vezes está na origem das crises do
matrimônio e da família.
6. Uma das maiores formas de
pobreza da cultura contemporânea é a solidão, fruto da ausência de Deus na vida
das pessoas e da fragilidade dos relacionamentos. Existe também uma sensação
generalizada de impotência em relação à realidade socioeconômica, que frequentemente
acaba por esmagar as famílias. É assim devido às crescentes pobreza e
precariedade de trabalho, que por vezes são vividas como um verdadeiro
pesadelo, ou por causa de uma fiscalidade demasiado pesada, que certamente não
encoraja os jovens ao matrimônio. As famílias sentem-se não raro abandonadas
pelo desinteresse e pela escassa atenção por parte das instituições. As
consequências negativas do ponto de vista da organização social são evidentes:
da crise demográfica aos obstáculos educativos, da dificuldade de aceitar a
vida nascente ao sentir a presença dos idosos como um peso, até ao propagar-se
de um mal-estar afetivo que às vezes chega à violência. O Estado tem a
responsabilidade de criar as condições legislativas e de trabalho para garantir
o porvir dos jovens e para os ajudar a realizar o seu projeto de fundar uma
família.
7. Existem contextos culturais
e religiosos que apresentam desafios particulares. Em determinadas sociedades
ainda vigora a prática da poligamia e, em certos contextos tradicionais, o
hábito do «matrimônio por etapas». Noutros âmbitos subsiste a prática dos matrimônios
arranjados. Nos países onde a presença da Igreja católica é minoritária são
numerosos os matrimônios mistos e de disparidade de culto, com todas as
dificuldades que eles comportam em relação à configuração jurídica, ao batismo
e à educação dos filhos, bem como ao respeito recíproco sob o ponto de vista da
diversidade da fé. Em tais matrimônios pode apresentar-se o perigo do
relativismo ou da indiferença, mas pode haver também a possibilidade de
favorecer o espírito ecumênico e o diálogo inter-religioso, numa convivência
harmoniosa de comunidades que vivem num mesmo lugar. Em numerosos contextos, e
não apenas ocidentais, vai-se difundindo amplamente a prática da convivência
que precede o matrimônio ou até de convivências não destinadas a assumir a
forma de vínculo institucional. A isto acrescenta-se uma legislação civil que
compromete o matrimônio e a família. Por causa da secularização, em muitas
partes do mundo a referência a Deus diminuiu fortemente, e a fé já não é
compartilhada a nível social.
8. Numerosas crianças nascem
fora do matrimônio, especialmente em certos países, e são muitos aquelas que,
em seguida, crescem apenas com um dos pais, ou num contexto familiar ampliado
ou reconstituído. O número de divórcios aumenta, e não é raro o caso de
escolhas determinadas unicamente por fatores de ordem econômica. Os filhos são
muitas vezes objeto de contenda entre os pais, e os primeiros são as
verdadeiras vítimas das separações familiares. O pai está com frequência
ausente, não apenas por motivos econômicos, onde ao contrário se sente a
necessidade de que ele assuma mais claramente a responsabilidade pelos filhos e
pela família. A dignidade da mulher ainda tem necessidade de ser defendida e
promovida. Com efeito, hoje em muitos contextos ser mulher continua a
constituir objeto de discriminação, e até o dom da maternidade é frequentemente
penalizado, em vez de ser apresentado como um valor. Também não podemos esquecer
os crescentes fenômenos de violência, da qual as mulheres são vítimas por vezes
infelizmente até no seio das próprias famílias, e a grave e difundida mutilação
genital da mulher em determinadas culturas. Além disso, a exploração sexual da
infância constitui uma das realidades mais escandalosas e perversas da
sociedade contemporânea. Inclusive as sociedades permeadas pela violência por
causa da guerra, do terrorismo ou da presença da criminalidade organizada,
vivem situações familiares deterioradas e, principalmente nas grandes
metrópoles e nas suas periferias, aumenta o chamado fenômeno das crianças de
rua. Além disso, as migrações representam outro sinal dos tempos que deve ser
enfrentado e compreendido com toda a sua carga de consequências para a vida familiar.
9. Perante o quadro social
delineado encontra-se em muitas partes do mundo, nos solteiros, uma maior
necessidade de cuidar da própria pessoa, de se conhecer interiormente, de viver
mais em sintonia com as próprias emoções e com os próprios sentimentos, de
procurar relacionamentos afetivos de qualidade; esta justa aspiração pode abrir
ao desejo de se comprometer na construção de relacionamentos de doação e
reciprocidade criativos, responsabilizadores e solidários, como os familiares.
São relevantes o perigo individualista e o risco de viver em chave egoísta.
Para a Igreja, o desafio consiste em ajudar os casais no amadurecimento da
dimensão emocional e no desenvolvimento afetivo, através da promoção do
diálogo, da virtude e da confiança no amor misericordioso de Deus. O pleno
compromisso exigido no matrimónio cristão pode constituir um forte antídoto
contra a tentação de um individualismo egoísta.
10. No mundo contemporâneo não
faltam tendências culturais que parecem impor uma afetividade ilimitada, da
qual se deseja explorar todas as vertentes, até as mais complexas. Com efeito,
a questão da fragilidade afetiva é de grande atualidade: uma afetividade
narcisista, instável e mutável nem sempre ajuda os protagonistas a alcançar uma
maior maturidade. Preocupa uma certa difusão da pornografia e da
comercialização do corpo, favorecida inclusive por um uso deturpado da
internet, enquanto deve ser denunciada a situação daquelas pessoas que são
obrigadas a praticar a prostituição. Neste contexto, os casais sentem-se às
vezes incertos, hesitantes e têm dificuldade de encontrar modos para crescer.
São muitos aqueles que tendem a permanecer nas fases primárias da vida
emocional e sexual. A crise do casal desestabiliza a família e, através das
separações e dos divórcios, pode chegar a provocar sérias consequências sobre
os adultos, os filhos e a sociedade, debilitando o indivíduo e os vínculos
sociais. Também a diminuição demográfica, devida a uma mentalidade
antinatalista e promovida pelas políticas mundiais de saúde reprodutiva, não
apenas determina uma situação em que não é mais assegurado o revezamento das
gerações, mas também corre o risco de levar, ao longo do tempo, a um
empobrecimento econômico e a uma perda de esperança no futuro. Inclusive o
desenvolvimento das biotecnologias teve um forte impacto sobre a natalidade.
11. Neste contexto, a Igreja
sente a necessidade de dizer uma palavra de verdade e de esperança. É preciso
partir da convicção de que o homem provém de Deus e, por conseguinte, de que
uma reflexão capaz de voltar a propor as grandes interrogações sobre o
significado do ser homem pode encontrar um terreno fértil nas expectativas mais
profundas da humanidade. Os grandes valores do matrimônio e da família cristã
correspondem à investigação que atravessa a existência humana, inclusive numa
época caracterizada pelo individualismo e pelo hedonismo. É necessário acolher
as pessoas com a sua existência concreta, saber fomentar a sua busca, encorajar
o seu desejo de Deus e a sua vontade de se sentir plenamente parte da Igreja,
até mesmo em quantos experimentaram a falência ou vivem as situações mais
diferentes. A mensagem cristã contém sempre em si mesma a realidade e a
dinâmica da misericórdia e da verdade, que convergem em Cristo.
O olhar sobre Cristo: o
Evangelho da família
12. A fim de «verificar o nosso
passo no terreno dos desafios contemporâneos, a condição decisiva é manter o
olhar fixo em Jesus Cristo, deter-nos na contemplação e adoração do seu rosto
[...]. Na verdade, todas as vezes que voltamos à fonte da experiência cristã,
abrem-se estradas novas e possibilidades inimagináveis» (Papa
Francisco,Discurso, 4 de
outubro de 2014). Jesus olhava com amor e
ternura para as mulheres e para os homens com os quais se encontrava,
acompanhando os seus passos com verdade, paciência e misericórdia, anunciando
as exigências do Reino de Deus.
13. Uma vez que a ordem da
criação é determinada pela orientação para Cristo, é necessário distinguir sem
separar os vários graus mediante os quais Deus comunica à humanidade a graça da
aliança. Em virtude da pedagogia divina, em conformidade com a qual a ordem da
criação evolui na da redenção através de etapas sucessivas, é preciso
compreender a novidade do sacramento nupcial cristão, em continuidade com o matrimônio
natural das origens. É assim que se entende o modo de agir salvífico de Deus,
tanto na criação como na vida cristã. Na criação: dado que tudo foi feito
através de Cristo e para Cristo (cf. Cl 1, 16), os cristãos
«fazem vir à luz, com alegria e respeito, as sementes do Verbo adormecidas; mas
atendem, ao mesmo tempo, à transformação profunda que se realiza entre os
povos» (Ad Gentes, 11). Na vida cristã: enquanto, mediante o
batismo, o crente está inserido na Igreja através da igreja doméstica que é a
sua família, ele empreende aquele «processo dinâmico, que avança gradualmente
com a progressiva integração dos dons de Deus» (Familiaris Consortio, 9), mediante a conversão
contínua ao amor que salva do pecado e confere plenitude de vida.
14. O próprio Jesus,
referindo-se ao desígnio primordial sobre o casal humano, confirma a união
indissolúvel entre o homem e a mulher, não obstante diga: «Por causa da dureza
do vosso coração, Moisés tinha tolerado o repúdio das mulheres; mas no
princípio não era assim» (Mt 19, 8). A indissolubilidade do
matrimônio («Portanto, não separe o homem o que Deus uniu» Mt 19,
6), não deve ser entendida antes de tudo como um «jugo» imposto aos homens, mas
sim como um «dom» oferecido às pessoas unidas em matrimônio. Deste modo, Jesus
demonstra que a condescendência divina acompanha sempre o caminho humano,
purifica e transforma com a sua graça o coração endurecido, orientando-o para o
seu princípio, através do caminho da cruz. Dos Evangelhos sobressai claramente
o exemplo de Jesus, que é paradigmático para a Igreja. Com efeito, Jesus
assumiu uma família, deu início aos prodígios na festa nupcial em Caná e
anunciou a mensagem relativa ao significado do matrimônio como plenitude da
revelação que resgata o desígnio originário de Deus (cf. Mt 19,
3). Contudo, ao mesmo tempo, pôs em prática a doutrina ensinada, manifestando
deste modo o verdadeiro significado da misericórdia. Isto aparece claramente
nos encontros com a samaritana (cf. Jo 4, 1-30) e com a
adúltera (cf. Jo 8, 1-11) nos quais Jesus, mediante uma
atitude de amor pela pessoa pecadora, leva ao arrependimento e à conversão
(«vai e não voltes a pecar!»), condição para o perdão.
15. As palavras de vida terna
que Jesus transmitiu aos seus discípulos compreendiam o ensinamento sobre o
matrimônio e a família. Este ensinamento de Jesus permite-nos distinguir em
três etapas fundamentais o desígnio de Deus sobre o matrimônio e a família. No
princípio existia a família das origens, quando Deus criador instituiu o
matrimônio primordial entre Adão e Eva, como fundamento sólido da família. Deus
não apenas criou o ser humano, varão e mulher os criou (cf. Gn 1,
27), mas também os abençoou a fim de que fossem fecundos e para que se
multiplicassem (cf. Gn 1, 28). Por isso, «o homem deixará o
seu pai e a sua mãe para se unir à sua mulher; e já serão uma só carne» (Gn 2,
24). Esta união foi danificada pelo pecado, tornando-se a forma histórica de
matrimônio no Povo de Deus, ao qual Moisés concedeu a possibilidade de conferir
um certificado de divórcio (cf. Dt 24, 1 ss.). Esta forma era
predominante na época de Jesus. Com o seu advento e com a reconciliação do
mundo decaído, graças à redenção por Ele realizada, concluiu-se a era
inaugurada por Moisés.
16. Jesus, que reconciliou tudo
em si mesmo, restituiu o matrimônio e a família à sua forma original (cf. Mc 10,
1-12). A família e o matrimônio foram redimidos por Cristo (cf. Ef 5,
21-32), restaurados à imagem da Santíssima Trindade, mistério do qual brota
todo o amor autêntico. A aliança esponsal, inaugurada na criação e revelada na
história da salvação, recebe a plena revelação do seu significado em Cristo e
na sua Igreja. De Cristo, através da Igreja, o matrimônio e a família recebem a
graça necessária para dar testemunho do amor de Deus e para levar uma vida de
comunhão. O Evangelho da família atravessa a história do mundo, desde a criação
do homem à imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1, 26-27) até
ao cumprimento do mistério da Aliança em Cristo no fim dos séculos, com as
núpcias do Cordeiro (cf. Ap 19, 9; João Paulo II, Catequeses
sobre o amor humano).
17. «Com o decorrer dos
séculos, a Igreja não deixou faltar o seu constante e crescente ensinamento
sobre o matrimônio e a família. Uma das expressões mais altas deste Magistério
foi proposta pelo Concílio Ecumênico Vaticano II, na Constituição
pastoral Gaudium et Spes, que dedica um
capítulo inteiro à promoção da dignidade do matrimônio e da família (cf. Gaudium et Spes, 47-52). Ele definiu o
matrimônio como comunidade de vida e de amor (cf. Gaudium et Spes, 48),
colocando o amor no centro da família e mostrando, ao mesmo tempo, a verdade
deste amor face às diversas formas de reducionismo presentes na cultura
contemporânea. O “verdadeiro amor entre marido e esposa” (Gaudium et Spes, 49) implica a
doação recíproca de si, inclui e integra a dimensão sexual e a afetividade,
correspondendo ao desígnio divino (cf. Gaudium et Spes, 48-49). Além
disso, a Gaudium et Spes, no número 48,
frisa a radicação dos esposos em Cristo: Cristo Senhor “vem ao encontro dos
cônjuges cristãos no sacramento do matrimónio”, e com eles permanece. Na
encarnação, Ele assume o amor humano, purifica-o, leva-o à plenitude e doa aos
esposos, com o seu Espírito, a capacidade de o viver, permeando toda a sua vida
de fé, esperança e caridade. Deste modo, os esposos são como que consagrados e,
mediante uma graça própria, edificam o Corpo de Cristo e constituem como que
uma igreja doméstica (cf. Lumen Gentium, 11), de modo que a Igreja,
para compreender plenamente o seu mistério, olha para a família cristã, que o
manifesta de modo genuíno» (Instrumentum Laboris, 4).
18. «Em continuidade com
o Concílio Vaticano II, o Magistério pontifício
aprofundou a doutrina sobre o matrimônio e sobre a família. Em particular Paulo
VI, com a Encíclica Humanae Vitae, evidenciou o vínculo íntimo entre amor
conjugal e geração da vida. São João Paulo II dedicou à família uma atenção especial
através das suas catequeses sobre o amor humano, da Carta às famílias (Gratissimam Sane) e sobretudo com a
Exortação Apostólica Familiaris Consortio. Nestes documentos, o
Pontífice definiu a família “caminho da Igreja”; ofereceu uma visão de conjunto
sobre a vocação do homem e da mulher para o amor; propôs as linhas fundamentais
para a pastoral da família e para a presença da família na sociedade. Em
particular, ao tratar a caridade conjugal (cf. Familiaris Consortio, 13), descreveu o modo como
os cônjuges, no seu amor recíproco, recebem o dom do Espírito de Cristo e vivem
a sua chamada à santidade» (Instrumentum Laboris, 5).
19. «Bento XVI, na Encíclica Deus Caritas Est, retomou o tema da verdade
do amor entre homem e mulher, que só se ilumina plenamente à luz do amor de
Cristo crucificado (cf. Deus Caritas Est, 2). Ele reafirma: “O
matrimônio baseado num amor exclusivo e definitivo torna-se o ícone do
relacionamento de Deus com o seu povo e, vice-versa, o modo de Deus amar
torna-se a medida do amor humano” (Deus Caritas Est, 11). Além disso, na
Encíclica Caritas in Veritate, ele evidencia a importância
do amor como princípio de vida na sociedade (cf. Caritas in Veritate, 44), lugar no qual se
aprende a experiência do bem comum» (Instrumentum Laboris, 6).
20. «O Papa
Francisco, na Encíclica Lumen Fidei, ao tratar o vínculo entre a família e a fé,
escreve: “O encontro com Cristo, o deixar-se conquistar e guiar pelo seu amor
alarga o horizonte da existência, dá-lhe uma esperança firme que não desilude.
A fé não é um refúgio para gente sem coragem, mas a dilatação da vida: faz
descobrir uma grande chamada – a vocação ao amor – e assegura que este amor é
fiável, que vale a pena entregar-se a ele, porque o seu fundamento se encontra
na fidelidade de Deus, que é mais forte do que toda a nossa fragilidade” (Lumen Fidei, 53)» (Instrumentum Laboris, 7).
21. O dom recíproco
constitutivo do matrimônio sacramental está arraigado na graça do batismo, que
estabelece a aliança fundamental de cada pessoa com Cristo na Igreja. No
acolhimento recíproco e com a graça de Cristo, os nubentes prometem um ao outro
o dom total de si, a fidelidade e a abertura à vida, e reconhecem como
elementos constitutivos do matrimônio os dons que Deus lhes oferece, levando a
sério o seu compromisso mútuo, em seu nome e perante a Igreja. Pois bem, na fé
é possível assumir os bens do matrimônio como compromissos que melhor se
cumprem mediante a ajuda da graça do sacramento. Deus consagra o amor dos
esposos e confirma a sua indissolubilidade, oferecendo-lhes a ajuda para viver
a fidelidade, a integração recíproca e a abertura à vida. Por conseguinte, o
olhar da Igreja dirige-se aos esposos como ao coração da família inteira que,
também ela, fixa o próprio olhar em Jesus.
22. Nesta mesma perspectiva,
fazendo nosso o ensinamento do Apóstolo segundo o qual a criação inteira foi
pensada em Cristo e para Cristo (cf. Cl 1, 16), o Concílio
Vaticano II quis manifestar apreço pelo matrimônio natural e pelos elementos
válidos, presentes nas outras religiões (cf. Nostra Aetate, 2) e nas culturas, não
obstante os limites e as insuficiências (cf. Redemptoris Missio, 55). A presença dos semina
Verbi nas culturas (cf. Ad Gentes, 11) poderia ser aplicada,
sob alguns aspetos, também à realidade matrimonial e familiar de tantas
culturas e de pessoas não cristãs. Portanto, existem elementos válidos também
em determinadas formas fora do matrimônio cristão – contudo, fundado sobre a
relação estável e verdadeira entre um homem e uma mulher – que, de qualquer
maneira, consideramos para ele orientadas. Com o olhar voltado para a sabedoria
humana dos povos e das culturas, a Igreja reconhece também esta família como
célula básica necessária e fecunda da convivência humana.
23. Com íntima alegria e
profunda consolação, a Igreja olha para as famílias que permanecem fiéis aos
ensinamentos do Evangelho, agradecendo-lhes e encorajando-as pelo testemunho
que oferecem. Com efeito, graças a elas torna-se credível a beleza do
matrimônio indissolúvel e fiel para sempre. Na família, «que se poderia chamar
igreja doméstica» (Lumen Gentium, 11), amadurece a primeira
experiência eclesial da comunhão entre pessoas, na qual se reflete, mediante a
graça, o mistério da Santíssima Trindade. «É aqui que se aprendem a tenacidade
e a alegria do trabalho, o amor fraterno, o perdão generoso e sempre renovado
e, sobretudo, o culto divino, através da oração e do oferecimento da própria
vida» (Catecismo da Igreja Católica, 1657). A Sagrada Família
de Nazaré é o seu modelo admirável, em cuja escola nós «compreendemos por que
motivo devemos ter uma disciplina espiritual, se quisermos seguir a doutrina do
Evangelho e tornar-nos discípulos de Cristo» (Paulo VI, Discurso em
Nazaré, 5 de janeiro de 1964). O Evangelho da família nutre também as
sementes que ainda esperam amadurecer, e deve cuidar das árvores que secaram e
não podem ser descuidadas.
24. A Igreja, enquanto mestra
segura e mãe amorosa, não obstante reconheça que para os batizados não há outro
vínculo nupcial a não ser o sacramental, e que cada ruptura do mesmo é
contrária à vontade de Deus, contudo está consciente da fragilidade de muitos
dos seus filhos, que encontram dificuldades no caminho da fé. «Portanto, sem
diminuir o valor do ideal evangélico, é preciso acompanhar, com misericórdia e
paciência, as possíveis etapas de crescimento das pessoas, que se vão
construindo dia após dia. […] Um pequeno passo, no meio de grandes limitações
humanas, pode ser mais agradável a Deus do que a vida externamente correta de
quem transcorre os seus dias sem enfrentar sérias dificuldades. A todos devem
chegar a consolação e o estímulo do amor salvífico de Deus, que agem
misteriosamente em cada pessoa, para além dos seus defeitos e das suas quedas»
(Evangelii Gaudium, 44).
25. Em ordem a uma abordagem
pastoral das pessoas que o contraíram matrimônio civil, que são divorciadas e
recasadas, ou que simplesmente convivem, compete à Igreja revelar-lhes a
pedagogia divina da graça nas suas vidas e ajudá-las a alcançar a plenitude do
plano de Deus para elas. Seguindo o olhar de Cristo, cuja luz ilumina cada
homem (cf. Jo 1, 9; Gaudium et Spes, 22), a Igreja dirige-se
com amor para quantos participam na sua vida de modo incompleto, reconhecendo
que a graça de Deus age também nas suas vidas, incutindo-lhes a coragem para
praticar o bem, para cuidar amorosamente um do outro e para estar ao serviço da
comunidade na qual vivem e trabalham.
26. A Igreja olha com apreensão
para a desconfiança de tantos jovens em relação ao compromisso conjugal e sofre
pela precipitação com que tantos jovens decidem pôr fim ao vínculo assumido,
instaurando outro. Tais fiéis, que fazem parte da Igreja, têm necessidade de
uma atenção pastoral misericordiosa e animadora, distinguindo adequadamente as
situações. Os jovens batizados devem ser encorajados a não hesitar diante da
riqueza que o sacramento do matrimônio suscita nos seus planos de amor,
fortalecidos pelo apoio que recebem da graça de Cristo e da possibilidade de
participar plenamente na vida da Igreja.
27. Neste sentido, uma nova
dimensão da pastoral familiar hodierna consiste em prestar atenção à realidade
dos matrimônios civis entre um homem e uma mulher, aos matrimônios tradicionais
e, tendo em conta as devidas diferenças, também às convivências. Quando a união
alcança uma estabilidade notável através de um vínculo público, é conotada por
um afeto profundo, pela responsabilidade em relação à prole e pela capacidade
de superar as provações, pode ser vista como uma ocasião que deve ser
acompanhada no desenvolvimento para o sacramento do matrimônio. Ao contrário,
muitas vezes a convivência estabelece-se não em vista de um possível matrimônio
futuro, mas sem qualquer intenção de estabelecer uma relação institucional.
28. Em conformidade com o olhar
misericordioso de Jesus, a Igreja deve acompanhar com atenção e cuidado os seus
filhos mais frágeis, marcados pelo amor ferido e confuso, restituindo-lhes
confiança e esperança como a luz do farol de um porto ou de uma tocha levada ao
povo para iluminar quantos perderam a rota ou se encontram no meio da
tempestade. Conscientes de que a maior misericórdia é dizer a verdade com amor,
vamos além da compaixão. O amor misericordioso, do mesmo modo que atrai e une,
também transforma e eleva. Convida à conversão. Do mesmo modo entendemos a
atitude do Senhor, que não condena a mulher adúltera, mas pede-lhe que não
volte a pecar (cf.Jo 8, 1-11).
III Parte
O confronto: perspetivas
pastorais
Anunciar o Evangelho da
família hoje, nos vários contextos
29. O diálogo sinodal abordou
algumas instâncias pastorais mais urgentes, que devem ser confiadas à
concretização em cada uma das Igrejas locais, na comunhão «cum Petro et sub
Petro». O anúncio do Evangelho da família constitui uma urgência para a nova
evangelização. A Igreja está chamada a pô-lo em prática com ternura de mãe e clareza
de mestra (cf. Ef 4, 15), em fidelidade à kenosi misericordiosa
de Cristo. A verdade encarna-se na fragilidade humana, não para a condenar, mas
para a salvar (cf. Jo 3, 16-17).
30. Evangelizar é
responsabilidade de todo o povo de Deus, cada qual segundo o ministério e o
carisma que lhe são próprios. Sem o testemunho jubiloso dos cônjuges e das
famílias, igrejas domésticas, o anúncio, embora seja correto, corre o risco de
ser incompreendido ou de afogar no mar de palavras que caracteriza a nossa
sociedade (cf. Novo Millennio Ineunte, 50). Os Padres sinodais
sublinharam reiteradas vezes que, em virtude da graça do sacramento nupcial, as
famílias católicas estão chamadas a ser, elas mesmas, protagonistas ativas da
pastoral familiar.
31. Será decisivo pôr em
evidência o primado da graça e, por conseguinte, as possibilidades que o
Espírito oferece no sacramento. Trata-se de levar a experimentar que o
Evangelho da família é alegria que «torna repletos o coração e a vida inteira»,
porque em Cristo somos «libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior,
do isolamento» (Evangelii Gaudium, 1). À luz da parábola do
semeador (cf. Mt 13, 3-9), a nossa tarefa consiste em cooperar
na sementeira: o resto é obra de Deus. Também não podemos esquecer que a Igreja
que prega sobre a família é sinal de contradição.
32. É por isso que se pede à
Igreja inteira uma conversão missionária: é necessário que ela não se limite a
um anúncio meramente teórico, desvinculado dos problemas reais das pessoas.
Nunca podemos esquecer que a crise da fé comportou uma crise do matrimônio e da
família e, como consequência, foi muitas vezes interrompida a transmissão da
própria fé dos pais aos filhos. Diante de uma fé forte, não tem incidência a
imposição de determinadas perspectiva culturais que debilitam a família e o
matrimônio.
33. A conversão refere-se
também à linguagem, para que ela seja efetivamente significativa. O anúncio
deve levar a experimentar que o Evangelho da família é resposta às expectativas
mais profundas da pessoa humana: à sua dignidade e à sua plena realização na
reciprocidade, na comunhão e na fecundidade. Não se trata unicamente de
apresentar uma normativa, mas de propor valores, respondendo à necessidade dos
mesmos que hoje se constata inclusive nos países mais secularizados.
34. A Palavra de Deus é fonte
de vida e espiritualidade para a família. Toda a pastoral familiar deverá
deixar-se modelar interiormente e formar os membros da igreja doméstica mediante
a leitura orante e eclesial da Sagrada Escritura. A Palavra de Deus é não
apenas uma boa nova para a vida particular das pessoas, mas também um critério
de juízo e uma luz para o discernimento dos vários desafios que os cônjuges e
as famílias devem enfrentar.
35. Ao mesmo tempo, muitos
Padres sinodais insistiram sobre uma abordagem mais positiva das riquezas das
diversas experiências religiosas, sem esconder as dificuldades. Nestas
diferentes realidades religiosas e na grande diversidade cultural que
caracteriza as Nações, é oportuno apreciar primeiro as possibilidades positivas
e, à luz destas, avaliar os limites e as carências.
36. O matrimônio cristão é uma
vocação que se acolhe mediante uma preparação adequada ao longo de um
itinerário de fé, através de um discernimento maduro, e não deve ser
considerado unicamente uma tradição cultural, nem sequer uma exigência social
ou jurídica. Portanto, é preciso realizar percursos que acompanhem a pessoa e o
casal, de tal modo que à comunicação dos conteúdos da fé se una a experiência
de vida oferecida por toda a comunidade eclesial.
37. Foi reiteradamente evocada
a necessidade de uma renovação radical da prática pastoral, à luz do Evangelho
da família, superando as óticas individualistas que ainda a caracterizam. Por
isso, insistiu-se várias vezes sobre a renovação da formação dos presbíteros,
dos diáconos, dos catequistas e dos outros agentes no campo da pastoral,
mediante uma maior participação das próprias famílias.
38. Sublinhou-se de igual modo
a necessidade de uma evangelização que denuncie com franqueza os
condicionamentos culturais, sociais, políticos e econômicos, como o espaço
excessivo reservado à lógica do mercado, que impedem uma autêntica vida
familiar, determinando discriminações e várias formas de pobreza, de exclusão e
de violência. Por isso, é preciso desenvolver um diálogo e uma cooperação com
as estruturas sociais, encorajando e apoiando os leigos que, como cristãos, se
comprometem nos âmbitos cultural e sociopolítico.
39. A complexa realidade social
e os desafios que a família de hoje está chamada a enfrentar exigem um maior
compromisso da parte de toda a comunidade cristã, em ordem à preparação dos
nubentes para o matrimônio. É necessário recordar a importância das virtudes.
Entre elas, a castidade resulta uma condição preciosa para o crescimento
genuíno do amor interpessoal. Em relação a esta necessidade, os Padres sinodais
concordaram em salientar a exigência de uma maior participação da comunidade
inteira, privilegiando o testemunho das próprias famílias, além de uma
radicação da preparação para o matrimônio no caminho de iniciação cristã,
frisando o nexo do matrimônio com o batismo e com os demais sacramentos.
Evidenciou-se de igual modo a necessidade de programas específicos para a
preparação próxima do matrimônio, a fim de que constituam uma verdadeira
experiência de participação na vida eclesial, aprofundando os diversos aspetos
da vida familiar.
40. Os primeiros anos de
matrimônio constituem um período vital e delicado, durante o qual os casais
crescem na consciência dos desafios e do significado da própria união. Daqui
deriva a exigência de um acompanhamento pastoral que continue também depois da
celebração do sacramento (cf. Familiaris Consortio, parte III). Nesta
pastoral resulta de grande importância a presença de casais com experiência. A
paróquia é considerada o lugar onde casais maduros podem ser postos à
disposição dos casais mais jovens, com a eventual participação de associações,
movimentos eclesiais e novas comunidades. É necessário encorajar os esposos a
uma atitude fundamental de acolhimento do grande dom dos filhos. É preciso
salientar também a importância da espiritualidade familiar, da oração e da
participação na Eucaristia dominical, animando os casais a reunir-se regularmente
para promover o crescimento da vida espiritual e a solidariedade nas exigências
concretas da vida. Liturgias, práticas devocionais e Eucaristias celebradas
para as famílias, principalmente no aniversário do matrimônio, foram
mencionadas como vitais para favorecer a evangelização através da família.
41. Enquanto continua a
anunciar e promover o matrimônio cristão, o Sínodo encoraja também o
discernimento pastoral das situações de muitas pessoas que não vivem mais esta
realidade. É importante entrar em diálogo pastoral com tais pessoas, com a
finalidade de pôr em evidência os elementos da sua vida que podem conduzir a
uma maior abertura ao Evangelho do matrimônio na sua plenitude. Os pastores
devem identificar elementos que podem favorecer a evangelização e o crescimento
humano e espiritual. Uma nova sensibilidade da pastoral hodierna consiste em
captar os elementos positivos, presentes nos matrimônios civis e, tendo em
conta as devidas diferenças, nas convivências. É necessário que na proposta
eclesial, mesmo afirmando com clareza a mensagem cristã, indiquemos inclusive
os elementos construtivos presentes em tais situações que ainda não, ou já não,
correspondem à mesma.
42. Observou-se também que em
muitos países um «número crescente de casais convivem ad experimentum,
sem um matrimônio, nem canônico nem civil» (Instrumentum Laboris, 81). Em determinados países
isto verifica-se especialmente no matrimônio tradicional, arranjado entre
famílias e muitas vezes celebrado em diversas etapas. Noutros países, ao
contrário, está em crescimento contínuo o número daqueles que, depois de ter
vivido juntos durante um longo período, pedem a celebração do matrimônio na
Igreja. A convivência simples é com frequência escolhida por causa da
mentalidade geral, contrária às instituições e aos compromissos definitivos,
mas também devido à espera de uma segurança existencial (trabalho e salário
fixo). Finalmente, noutros países, as uniões de fato são deveras numerosas, não
somente pela rejeição dos valores da família e do matrimônio, mas sobretudo
porque casar é sentido como um luxo, pelas condições sociais, de tal modo que a
miséria material impele a viver uniões de facto.
43. Todas estas situações devem
ser enfrentadas de maneira construtiva, procurando transformá-las em
oportunidades de caminho rumo à plenitude do matrimônio e da família, à luz do
Evangelho. Trata-se de aceitá-las e de acompanhá-las com paciência e
delicadeza. Visando esta finalidade, é importante o testemunho atraente de
autênticas famílias cristãs, como protagonistas da evangelização da família.
Cuidar das famílias feridas
(separados, divorciados não recasados, divorciados recasados, famílias
monoparentais)
44. Quando os esposos passam
por problemas nos seus relacionamentos, devem poder contar com a ajuda e o
acompanhamento da Igreja. A pastoral da caridade e a misericórdia tendem à
recuperação das pessoas e dos relacionamentos. A experiência demonstra que,
mediante uma ajuda adequada e com a obra de reconciliação da graça, uma grande
percentagem de crises matrimoniais podem ser superadas de maneira satisfatória.
Saber perdoar e sentir-se perdoado constituem uma experiência fundamental na
vida familiar. O perdão entre os esposos permite experimentar um amor que é
para sempre, que nunca passa (cf. 1 Cor 13, 8). No entanto, às
vezes quem recebeu o perdão de Deus tem dificuldade de encontrar a força para
oferecer um perdão autêntico que regenere a pessoa.
45. No Sínodo voltou a ressoar
claramente a necessidade de opções pastorais corajosas. Confirmando de modo
vigoroso a fidelidade ao Evangelho da família e reconhecendo que a separação e
o divórcio constituem sempre feridas que provocam sofrimentos profundos nos
cônjuges que os experimentam e nos filhos, os Padres sinodais sentiram a
urgência de novos caminhos pastorais, que comecem a partir da realidade efetiva
das fragilidades familiares, conscientes de que, com frequência, elas são mais
«padecidas» com sofrimento do que escolhidas com plena liberdade. Trata-se de
situações diferentes, tanto por fatores pessoais como culturais e
socioeconômicos. É necessário um olhar diferenciado, como sugeria São João
Paulo II (cf. Familiaris Consortio, 84).
46. Antes de tudo, cada família
deve ser ouvida com respeito e amor, encontrando companheiros de caminho como
Cristo com os discípulos rumo a Emaús. São particularmente válidas para tais
situações estas palavras do Papa Francisco: «A Igreja deverá iniciar
os seus membros – sacerdotes, religiosos e leigos – nesta “arte do
acompanhamento”, para que todos aprendam a tirar sempre as sandálias diante da
terra sagrada do outro (cf. Êx 3, 5). Devemos dar ao nosso
caminhar o ritmo salutar da proximidade, com um olhar respeitoso e cheio de
compaixão, mas que ao mesmo tempo cure, liberte e anime a amadurecer na vida
cristã̃» (Evangelii Gaudium, 169).
47. Um discernimento particular
é indispensável para acompanhar pastoralmente os separados, os divorciados, os
abandonados. Deve ser acolhido e valorizado o sofrimento daqueles que padeceram
injustamente a separação, o divórcio ou o abandono, ou então, por causa dos
maus-tratos do cônjuge, foram obrigados a interromper a convivência. O perdão
pela injustiça sofrida não é fácil, mas trata-se de um caminho que a graça
torna possível. Daqui deriva a necessidade de uma pastoral da reconciliação e
da mediação, também através de centros de escuta especializados que devem ser
criados nas dioceses. De igual modo, é preciso ressaltar sempre que resulta
indispensável assumir de maneira leal e construtiva as consequências da
separação ou do divórcio sobre os filhos, contudo vítimas inocentes da
situação. Eles não podem ser um «objeto» para contender, e devem ser procuradas
as melhores formas para que possam superar o trauma da separação familiar e
crescer da maneira mais tranquila possível. De qualquer modo, a Igreja deverá
pôr sempre em evidência a injustiça que muitas vezes deriva das situações de
divórcio. Há que prestar atenção especial também ao acompanhamento das famílias
monoparentais e, de modo particular, é necessário ajudar as mulheres que devem
assumir sozinhas a responsabilidade do lar e a educação dos filhos.
48. Numerosos Padres sinodais
sublinharam a necessidade de tornar mais acessíveis e céleres, se possível
totalmente gratuitos, os procedimentos para o reconhecimento dos casos de
nulidade. Entre as propostas foram indicados: a superação da necessidade da
dupla sentença conforme; a possibilidade de determinar um percurso administrativo
sob a responsabilidade do bispo diocesano; a iniciação de um processo sumário
nos casos de nulidade notória. Todavia, alguns Padres sinodais afirmam que são
contrários a tais propostas, porque não garantiriam um juízo confiável. É
necessário reiterar que em todos estes casos se trata de averiguar a verdade
sobre a validade do vínculo. Em conformidade com outras propostas, também seria
preciso considerar a possibilidade de dar relevância ao papel da fé dos
nubentes em ordem à validade do sacramento do matrimônio, conscientes de que
entre os batizados todos os matrimônios válidos constituem um sacramento.
49. A propósito das causas
matrimoniais, a simplificação do procedimento, exigida por muitos, além da
preparação de suficientes agentes, clérigos e leigos com dedicação prioritária,
requer que se realce a responsabilidade do bispo diocesano, que na sua diocese
poderia encarregar consultores devidamente preparados, para aconselhar
gratuitamente as partes interessadas sobre a validade do próprio matrimônio.
Esta função pode ser desempenhada por um gabinete ou por pessoas qualificadas
(cf. Dignitas Connubii, art. 113, 1).
50. As pessoas divorciadas mas
não recasadas, que muitas vezes são testemunhas da fidelidade matrimonial,
devem ser animadas a encontrar na Eucaristia o alimento que as sustente na sua
condição. A comunidade local e os Pastores devem acompanhar estas pessoas com
solicitude, sobretudo quando elas tiverem filhos ou a sua situação de pobreza
for grave.
51. Também as situações dos
divorciados recasados exigem um discernimento atento e um acompanhamento de
grande respeito, evitando qualquer linguagem e atitude que os faça sentir
discriminados e promovendo a sua participação na vida da comunidade. Cuidar
deles não é, para a comunidade cristã, uma debilitação da sua fé e do seu
testemunho a propósito da indissolubilidade matrimonial mas, ao contrário, precisamente
neste cuidado ela exprime a sua caridade.
52. Refletiu-se sobre a
possibilidade de que os divorciados e recasados acedam aos sacramentos da
Penitência e da Eucaristia. Diversos Padres sinodais insistiram a favor da
disciplina atualmente em vigor, em virtude da relação constitutiva entre a
participação na Eucaristia e a comunhão com a Igreja e o seu ensinamento sobre
o matrimônio indissolúvel. Outros manifestaram-se a favor de um acolhimento não
generalizado na mesa eucarística, nalgumas situações particulares e em
condições muito específicas, sobretudo quando se trata de casos irreversíveis e
ligados a obrigações morais em relação aos filhos, que viriam a padecer
sofrimentos injustos. O eventual acesso aos sacramentos deveria ser precedido
por um caminho penitencial, sob a responsabilidade do bispo diocesano. Esta
questão ainda deve ser aprofundada, tendo perfeitamente presente a distinção
entre situação objetiva de pecado e circunstâncias atenuantes, uma vez que «a
imputabilidade e a responsabilidade de um ato podem ser diminuídas, e
até anuladas» por diversos «fatores psíquicos ou sociais» (Catecismo da Igreja Católica, 1735).
53. Alguns Padres sinodais afirmaram
que as pessoas divorciadas e recasadas ou conviventes podem recorrer
frutuosamente à comunhão espiritual. Outros interrogaram-se, então, por que
motivo não podem aceder à comunhão sacramental. Além disso, solicita-se um
aprofundamento desta temática, capaz de fazer sobressair a peculiaridade das
duas formas e o seu nexo com a teologia do matrimônio.
54. As problemáticas relativas
aos matrimônios mistos apresentaram-se com frequência nas intervenções dos
Padres sinodais. Em determinados contextos, a diversidade da disciplina
matrimonial das Igrejas ortodoxas levanta problemas sobre os quais é necessário
ponderar em âmbito ecumênico. Analogamente, para os matrimônios
inter-religiosos, será importante a contribuição do diálogo com as religiões.
55. Algumas famílias vivem a
experiência de ter no seu interior pessoas com orientação homossexual. A este
propósito, houve interrogações sobre qual atenção pastoral é oportuna diante
desta situação, com relação àquilo que a Igreja ensina: «Não existe fundamento
algum para equiparar ou estabelecer analogias, mesmo remotas, entre as uniões
homossexuais e o plano de Deus sobre o matrimónio e a família». Não obstante,
os homens e as mulheres com tendências homossexuais devem ser acolhidos com
respeito e delicadeza. «Deve evitar-se, para com eles, qualquer atitude de
injusta discriminação» (Congregação para a Doutrina da Fé, Considerações
sobre os projetos de reconhecimento legal das uniões entre pessoas homossexuais,
4).
56. É totalmente inaceitável
que os Pastores da Igreja sofram pressões nesta matéria e que os organismos
internacionais condicionem as ajudas financeiras aos países pobres à introdução
de leis que instituam o «matrimônio» entre pessoas do mesmo sexo.
57. Não é difícil constatar o
difundir-se de uma mentalidade que reduz a geração da vida a uma variável da
projeção individual ou conjugal. Os fatores de ordem econômica exercem uma
pressão por vezes determinante, contribuindo para a forte diminuição da
natalidade, que debilita o tecido social, compromete a relação entre as
gerações e torna mais incerto o olhar sobre o futuro. A abertura à vida é
exigência intrínseca do amor conjugal. Nesta perspectiva, a Igreja sustém as
famílias que aceitam, educam e circundam de carinho os filhos portadores de
deficiência.
58. Também neste âmbito é
preciso começar a partir da escuta das pessoas e explicar a beleza e a verdade
de uma abertura incondicional à vida, como aquilo de que o amor tem necessidade
para ser vivido em plenitude. É sobre esta base que pode apoiar-se um
ensinamento adequado a respeito dos métodos naturais para a procriação
responsável. Ele ajuda a viver de maneira harmoniosa e consciente a comunhão
entre os cônjuges, em todas as suas dimensões, juntamente com a
responsabilidade generativa. É oportuno voltar a descobrir a mensagem da
Encíclica Humanae Vitae, de Paulo VI, que
ressalta a necessidade de respeitar a dignidade da pessoa na avaliação moral
dos métodos de regulação da natalidade. A adoção de crianças, órfãs e
abandonadas, recebidas como se fossem filhos naturais, é uma forma específica
de apostolado familiar (cf. Apostolicam Actuositatem, 11), muitas
vezes evocada e encorajada pelo magistério (cf. Familiaris Consortio, 41; Evangelium
Vitae, 93). A escolha da adoção e da guarda de uma criança manifesta uma
fecundidade particular da experiência conjugal, e não apenas quando ela é
marcada pela esterilidade. Tal opção constitui um sinal eloquente do amor
familiar, uma ocasião para dar testemunho da própria fé e restituir dignidade
filial a quantos dela foram privados.
59. É necessário ajudar a viver
a afetividade, inclusive no vínculo conjugal, como um caminho de
amadurecimento, na aceitação cada vez mais profunda do outro e numa doação
sempre mais plena. Neste sentido, é oportuno reiterar a necessidade de propor
caminhos formativos que alimentem a vida conjugal e a importância de um laicado
que ofereça um acompanhamento feito de testemunho vivo. É de grande ajuda o
exemplo de um amor fiel e profundo, feito de ternura e respeito, capaz de
crescer no tempo e que, no seu abrir-se concreto à geração da vida, faz a
experiência de um mistério que nos transcende.
60. Um dos desafios
fundamentais diante do qual se encontram as famílias de hoje é sem dúvida o
educativo, que se tornou ainda mais exigente e complexo por causa da realidade
cultural contemporânea e da grande influência dos meios de comunicação. É
preciso ter na devida consideração as exigências e as expectativas de famílias
capazes de ser, na vida quotidiana, lugares de crescimento, de transmissão
concreta e essencial das virtudes que forjam a existência. Isto indica que os
pais podem escolher livremente o tipo de educação que desejam oferecer aos
filhos, em conformidade com as convicções que lhes são próprias.
61. A Igreja desempenha um
precioso papel de apoio às famílias, começando pela iniciação cristã, através
de comunidades acolhedoras. Pede-se-lhe, hoje mais do que ontem, tanto nas
situações complexas como nas normais, que ajude os pais no seu compromisso
educacional, acompanhando as crianças, os adolescentes e os jovens no seu
crescimento, ao longo de caminhos personalizados que sejam capazes de os
introduzir no pleno sentido da vida e de suscitar escolhas e responsabilidades,
vividas à luz do Evangelho. Na sua ternura, misericórdia e sensibilidade
maternal, Maria pode saciar a fome de humanidade e de vida, e por este motivo é
invocada pelas famílias e pelo povo cristão. A pastoral e a devoção mariana
constituem um ponto de partida oportuno para anunciar o Evangelho da família.
62. As reflexões propostas,
fruto dos trabalhos sinodais que tiveram lugar em grande liberdade e segundo um
estilo de escuta recíproca, tencionam levantar interrogações e indicar
perspectiva que deverão ser amadurecidas e especificadas pela reflexão das
Igrejas locais ao longo do ano que nos separa da Assembleia Geral Ordinária do
Sínodo dos Bispos, prevista para o mês de outubro de 2015, dedicada à vocação e
à missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo. Não se trata de
decisões já tomadas, nem de perspectiva fáceis. No entanto, o caminho colegial
dos bispos e a participação de todo o povo de Deus, sob a ação do Espírito
Santo, seguindo o modelo da Sagrada Família, poderão levar-nos a encontrar
caminhos de verdade e de misericórdia para todos. Foram estes os bons votos
que, desde o início dos nossos trabalhos, o Papa Francisco nos dirigiu,
convidando-nos à coragem da fé e à aceitação humilde e honesta da verdade na
caridade.
A descrição da realidade da
família, presente na Relatio Synodi, corresponde àquilo que se
releva na Igreja e na sociedade de hoje? Quais são os aspetos que faltam e que
podem ser integrados?
Como foi indicado na
introdução (nn. 1-4), o Sínodo extraordinário quis dirigir-se a todas as
famílias do mundo, desejando participar nas suas alegrias, dificuldades e
esperanças; além disso, às numerosas famílias cristãs, fiéis à sua vocação, o
Sínodo dirigiu um especial olhar de reconhecimento, encorajando-as a
comprometer-se mais decididamente nesta hora da «Igreja em saída», voltando a
descobrir-se como protagonista imprescindível da evangelização, principalmente
a fim de alimentar para si mesmas e para as famílias em dificuldade, aquele
«desejo de família» que permanece sempre vivo e que está no fundamento da
convicção da necessidade de «recomeçar a partir da família», para anunciar
eficazmente o núcleo do Evangelho.
O renovado caminho traçado
pelo Sínodo extraordinário está inserido no mais amplo contexto eclesial
indicado pela exortação Evangelii Gaudium, do Papa Francisco, ou seja, começando a
partir das «periferias existenciais», com uma pastoral caracterizada pela
«cultura do encontro», capaz de reconhecer a obra livre do Senhor inclusive
fora dos nossos esquemas habituais e de assumir, sem impedimento, aquela
condição de «hospital de campo» que tanto beneficia o anúncio da misericórdia
de Deus. A tais desafios respondem os números da primeira parte da Relatio Synodi, onde estão expostos
os aspectos que formam o quadro de referência mais concreto sobre a situação
real das famílias, em cujo contexto dar continuidade à reflexão.
As perguntas que se propõem
em seguida, com referência expressa aos aspetos da primeira parte da Relatio Synodi, tencionam facilitar o
devido realismo na reflexão de cada um dos episcopados, evitando que as suas
respostas possam ser oferecidas em conformidade com esquemas e perspectiva
próprias de uma pastoral meramente aplicativa da doutrina, que não respeitaria
as conclusões da Assembleia sinodal extraordinária e afastaria a sua reflexão
do caminho já traçado.
1. Quais são as iniciativas em
ato e aquelas em programa, no que se refere aos desafios que as contradições
culturais levantam à família (cf. nn. 6-7): aquelas orientadas para despertar a
presença de Deus na vida das famílias; aquelas destinadas a educar e
estabelecer sólidas relações interpessoais; aquelas propensas a favorecer
políticas sociais e econômicas úteis para a família; aquelas que visam aliviar
as dificuldades ligadas à atenção às crianças, aos idosos e aos familiares enfermos;
aquelas que tencionam enfrentar o contexto cultural mais específico em que a
Igreja local está comprometida?
2. Quais instrumentos de
análise são empregados, e quais são os resultados mais relevantes acerca dos
aspetos (positivos e não) da mudança antropológica cultural? (cf. n. 5). Entre
os resultados, observa-se a possibilidade de encontrar elementos comuns no
pluralismo cultural?
3. Além do anúncio e da
denúncia, quais são as modalidades escolhidas para estar presente como Igreja
ao lado das famílias nas situações extremas (cf. n. 8)? Quais são as
estratégias educativas para as prevenir? O que se pode fazer para ajudar e
fortalecer as famílias crentes, fiéis ao vínculo?
4. Como a ação pastoral da
Igreja reage à difusão do relativismo cultural na sociedade secularizada e à
consequente rejeição por parte de muitas pessoas, do modelo de família formado
pelo homem e pela mulher, unidos no vínculo matrimonial, e aberto à procriação?
5. De que modo, com quais
atividades, se comprometem as famílias cristãs ao dar testemunho às novas
gerações do progresso no amadurecimento afetivo (cf. nn. 9-10)? Como se poderia
ajudar a formação dos ministros ordenados, em relação a estas temáticas? Quais
figuras de agentes no campo da pastoral, especificamente qualificados, são
sentidas como mais urgentes?
6. Em que proporção, e através
de que instrumentos, a pastoral familiar ordinária é dirigida a quantos estão
distantes (cf. n. 11)? Quais são as linhas de ação predispostas para suscitar e
valorizar o «desejo de família» semeado pelo Criador no coração de cada pessoa,
e presente especialmente nos jovens, até mesmo de quantos vivem em situações
familiares não correspondentes à visão cristã? Qual é a sua reação efetiva à
missão que lhes é dirigida? Entre os não-batizados, quão forte é a presença de
matrimônios naturais, inclusive em relação ao desejo de família dos jovens?
O Evangelho da família, conservado
fielmente pela Igreja no sulco da Revelação cristã escrita e transmitida, deve
ser anunciado no mundo contemporâneo com alegria e esperança renovadas,
dirigindo constantemente o olhar para Jesus Cristo. A vocação e a missão da
família configuram-se plenamente na ordem da criação, que evolui naquele da
redenção, assim resumido pelos votos do Concílio: «Os próprios esposos, criados
à imagem de Deus e estabelecidos numa ordem verdadeiramente pessoal, estejam
unidos em comunhão de afeto e de pensamento e com mútua santidade, de modo que,
seguindo Cristo, princípio da vida, se tornem, pela fidelidade do seu amor,
através das alegrias e sacrifícios da sua vocação, testemunhas daquele mistério
de amor que Deus revelou ao mundo com a sua morte e ressurreição» (Gaudium et Spes, 52; cf. Catecismo da Igreja Católica, 1533-1535).
Nesta luz, as perguntas que
nascem da Relatio Synodi têm como finalidade
suscitar respostas fiéis e corajosas nos Pastores e no povo de Deus, em ordem a
um anúncio renovado do Evangelho da família.
O olhar sobre Jesus e a
pedagogia divina na história da salvação (nn. 12-14)
Acolhendo o convite
do Papa Francisco, a Igreja olha para Cristo
na sua verdade permanente e na sua novidade inesgotável, que ilumina todas as
famílias. «Cristo é a “Boa Nova de valor eterno” (Ap 14, 6), sendo
“o mesmo ontem, hoje e pelos séculos” (Hb 13, 8), mas a sua riqueza
e a sua beleza são inesgotáveis. Ele é sempre jovem e fonte de novidade
constante» (Evangelii Gaudium, 11).
7. O olhar fixo em Cristo abre
novas possibilidades. «Com efeito, cada vez que voltamos à fonte da experiência
cristã, abrem-se caminhos novos e possibilidades inimagináveis» (n. 12). Come é
utilizado o ensinamento da Sagrada Escritura na ação pastoral a favor das
famílias? Em que medida este olhar alimenta uma pastoral familiar corajosa e
fiel?
8. Quais são os valores do
matrimônio e da família que os jovens e os cônjuges vêem realizados na sua
vida? E de que forma? Existem valores que podem ser evidenciados (cf. n. 13)?
Quais são as dimensões de pecado que é necessário evitar e superar?
9. Que pedagogia humana é
preciso considerar – em sintonia com a pedagogia divina – para compreender
melhor o que é exigido da pastoral da Igreja, perante o amadurecimento da vida
de casal, rumo ao futuro matrimônio (cf. n. 13)?
10. O que é preciso fazer para
mostrar a grandeza e a beleza do dom da indissolubilidade, de modo a suscitar o
desejo de a viver e construir cada vez mais (cf. n. 14)
11. De que maneira se poderia
ajudar a entender que a relação com Deus permite vencer as fragilidades que
estão inscritas inclusive nos relacionamentos conjugais (cf. n. 14)? Como
testemunhar que a bênção de Deus acompanha cada matrimônio autêntico? Como
manifestar que a graça do sacramento sustém os esposos em todo o caminho da sua
vida?
A vocação da criatura ao
amor entre homem e mulher recebe a sua forma completa do acontecimento pascal
de Cristo Senhor, que se entrega sem reservas, fazendo da Igreja o seu Corpo
místico. Deste modo, haurindo da graça de Cristo, o matrimônio cristão torna-se
a vereda pela qual quantos são chamados caminham rumo à perfeição do amor, que
é a santidade.
12. Como se poderia fazer
compreender que o matrimônio cristão corresponde à disposição originária de
Deus e por conseguinte é uma experiência de plenitude, de forma alguma de
limite (cf. n. 13)?
13. Como conceber a família
como «igreja doméstica» (cf. LG 11), sujeito e objeto da ação evangelizadora ao
serviço do Reino de Deus?
14. Como promover a consciência
do compromisso missionário da família?
O magistério eclesial deve
ser melhor conhecido pelo Povo de Deus em toda a sua riqueza. A espiritualidade
conjugal alimenta-se do ensinamento constante dos Pastores, que cuidam da grei,
e amadurece graças à escuta incessante da Palavra de Deus, dos sacramentos da
fé e da caridade.
15. A família cristã vive
diante do olhar amoroso do Senhor e, na relação com Ele, cresce como verdadeira
comunidade de vida e de amor. Como desenvolver a espiritualidade da família,
como ajudar as famílias a ser lugar de vida nova em Cristo (cf. n. 21)?
16. Como desenvolver e promover
iniciativas de catequese que levem a conhecer e ajudem a viver o ensinamento da
Igreja sobre a família favorecendo a superação da distância possível entre o
que é vivido e o que é professado, e promovendo caminhos de conversão?
A indissolubilidade do
matrimônio e a alegria de viver juntos (nn. 21-22)
«O autêntico amor conjugal
é assumido no amor divino, e dirigido e enriquecido pela força redentora de
Cristo e pela ação salvadora da Igreja, a fim de que assim os esposos caminhem
eficazmente para Deus e sejam ajudados e fortalecidos na sua missão sublime de
pai e mãe. Por este motivo, os esposos cristãos são fortalecidos e como que
consagrados em ordem aos deveres do seu estado por meio de um sacramento
especial; cumprindo, graças à força deste, a própria missão conjugal e
familiar, penetrados do espírito de Cristo que impregna toda a sua vida de fé,
esperança e caridade, avançam sempre mais na própria perfeição e mútua
santificação, e assim cooperam juntos para a glorificação de Deus» (Gaudium et Spes, 48).
17. Quais são as iniciativas
para levar a compreender o valor do matrimônio indissolúvel e fecundo como
caminho de plena realização pessoal (cf. n. 21)?
18. Como propor a família como
lugar, sob muitos aspetos único, para realizar a alegria dos seres humanos?
19. O Concílio Vaticano II
manifestou apreço pelo matrimônio natural, renovando uma antiga tradição
eclesial. Em que medida as pastorais diocesanas sabem valorizar também esta
sabedoria dos povos, come fundamental para a cultura e a sociedade comum (cf.
n. 22)?
Depois de ter considerado a
beleza dos matrimônios bem sucedidos e das famílias sólidas, e de ter apreciado
o testemunho generoso de quantos permaneceram fiéis ao vínculo, embora tenham
sido abandonados pelo próprio cônjuge, os pastores reunidos em Sínodo
perguntaram-se – de modo aberto e corajoso, não sem preocupação e cautela – que
olhar deve a Igreja dirigir aos católicos que vivem unidos unicamente mediante
o vínculo civil, àqueles que ainda convivem e aos que, depois de um matrimônio
válido, se divorciaram e voltaram a casar civilmente.
Conscientes dos limites
evidentes e das imperfeições presentes em situações tão diferentes, os Padres
assumiram positivamente a perspectiva indicada pelo Papa Francisco, em conformidade com a
qual, «sem diminuir o valor do ideal evangélico, é preciso acompanhar, com
misericórdia e paciência, as possíveis etapas de crescimento das pessoas, que
se vão construindo dia após dia» (Evangelii Gaudium, 44).
20. Como ajudar a compreender
que ninguém está excluído da misericórdia de Deus, e como manifestar esta
verdade na ação pastoral da Igreja em benefício das famílias, de modo
particular das feridas e frágeis (cf. n. 28)?
21. Como podem os fiéis
mostrar, em relação às pessoas que ainda não alcançaram a plena compreensão do
dom de amor de Cristo, uma atitude de acolhimento e de acompanhamento confiante,
sem jamais renunciar ao anúncio das exigências do Evangelho (cf. n. 24)?
22. O que é possível fazer a
fim de que, nas várias formas de união – em que se podem encontrar valores
humanos – o homem e a mulher sintam o respeito, a confiança e o encorajamento a
crescer no bem, por parte da Igreja, e sejam ajudados a alcançar a plenitude do
matrimônio cristão (cf. n. 25)?
Ao aprofundar a terceira
parte da Relatio Synodi, é importante
deixar-se orientar pela viragem pastoral que o Sínodo extraordinário começou a
delinear, radicando-se no Concílio Vaticano II e no magistério do Papa Francisco. Às Conferências
Episcopais compete continuar a aprofundá-la, comprometendo da maneira mais
oportuna todos os componentes eclesiais, concretizando-a no seu contexto
específico. É necessário fazer de tudo para que não se volte a começar de zero,
mas que se assuma o caminho já percorrido no Sínodo extraordinário como ponto
de partida.
À luz da necessidade de
famílias e ao mesmo tempo dos desafios, numerosos e complexos, presentes no
nosso mundo, o Sínodo ressaltou a importância de um renovado compromisso em
prol do anúncio, franco e significativo, do Evangelho da família.
23. Na formação dos presbíteros
e dos outros agentes no campo da pastoral, como é cultivada a dimensão
familiar? São envolvidas as próprias famílias?
24. Há consciência de que a
rápida evolução da nossa sociedade exige uma atenção constante à linguagem na
comunicação pastoral? Como testemunhar eficazmente a prioridade da graça, de
maneira que a vida familiar seja projetada e vivida como acolhimento do
Espírito Santo?
25. Ao anunciar o Evangelho da
família, como se podem criar as condições para que cada família seja como Deus
a quer e seja socialmente reconhecida na sua dignidade e missão? Que «conversão
pastoral» e que ulteriores aprofundamentos devem realizar-se nesta direção?
26. A colaboração ao serviço da
família com as instituições sociais e políticas é porventura vista em toda a
sua importância? Como ela é efetivamente levada a cabo? Quais são os critérios
nos quais nos devemos inspirar? Que papel podem desempenhar, neste sentido, as
associações familiares? Como tal colaboração pode ser apoiado também pela
denúncia franca dos processos culturais, econômicos e políticos que minam a
realidade familiar?
27. Como favorecer uma relação
entre família – sociedade e política, em vantagem da família? Como promover o
apoio da comunidade internacional e dos Estados à família?
Orientar os nubentes no
caminho de preparação para o matrimônio (nn. 39-40)
O Sínodo reconheceu os
passos dados nestes últimos anos para favorecer uma preparação adequada dos
jovens para o matrimônio. No entanto, ressaltou também a necessidade de um
maior compromisso por parte de toda a comunidade cristã, não apenas na
preparação, mas também nos primeiros anos de vida familiar.
28. Como os percursos de
preparação para o matrimônio devem ser propostos, de maneira a pôr em evidência
a vocação e missão da família, segundo a fé em Cristo? São realizados como
oferta de uma autêntica experiência eclesial? Como renová-los e aperfeiçoá-los?
29. Como a catequese de
iniciação cristã apresenta a abertura à vocação e missão da família? Quais são
os passos que se consideram como os mais urgentes? Como propor a relação entre
batismo – eucaristia e matrimônio? De que modo se pode realçar a índole de
catecumenato e de mistagogia que os percursos de preparação para o matrimônio
muitas vezes assumem? Como comprometer a comunidade nesta preparação?
Acompanhar os primeiros anos
da vida matrimonial (n. 40)
30. Tanto na preparação como no
acompanhamento dos primeiros anos de vida matrimonial, é adequadamente
valorizada a importante contribuição de testemunho e de apoio que as famílias,
associações e movimentos familiares podem oferecer? Que experiências positivas
podem ser sugeridas neste campo?
31. A pastoral de
acompanhamento dos casais nos primeiros anos de vida familiar – observou-se
durante o debate sinodal – tem necessidade de um desenvolvimento ulterior.
Quais são as iniciativas mais significativas já realizadas? Quais aspetos devem
ser incrementados nos planos paroquial, diocesano, ou no âmbito de associações
e movimentos?
No debate sinodal foi evocada
a diversidade das situações, devida a múltiplos fatores culturais e econômicos,
praxes radicadas na tradição praxe, dificuldades dos jovens diante de escolhas
que comprometem para a vida inteira.
32. Quais critérios para um
correto discernimento pastoral das várias situações devem ser considerados à
luz do ensinamento da Igreja, para a qual os elementos constitutivos do
matrimônio são unidade, indissolubilidade e abertura à procriação?
33. A comunidade cristã é capaz
de se comprometer pastoralmente em tais situações? Como ajuda a discernir estes
elementos positivos, e os negativos, da vida de pessoas unidas em matrimônios
civis, de maneira a orientá-las e assisti-las no caminho de crescimento e de
conversão rumo ao sacramento do matrimônio? Como ajudar quantos convivem, a
decidir-se pelo matrimônio?
34. De maneira particular, que
respostas dar às problemáticas levantadas pela subsistência das formas
tradicionais de matrimônio por etapas ou combinado entre famílias?
No debate sinodal foi
salientada a necessidade de uma pastoral regida pela arte do
acompanhamento, dando «ao nosso caminhar o ritmo salutar da proximidade,
com um olhar respeitoso e cheio de compaixão, mas que ao mesmo tempo cure,
liberte e anime a amadurecer na vida cristã» (Evangelii Gaudium, 169).
35. A comunidade cristã está
pronta para cuidar das famílias feridas, para as levar a experimentar a
misericórdia do Pai? Como comprometer-se para remover os fatores sociais e
económicos que muitas vezes as determinam? Quais passos já foram dados e quais
ainda são necessários para o crescimento desta ação e da consciência
missionária que a sustém?
36. Como promover o
reconhecimento de linhas pastorais compartilhadas a nível de Igrejas
particulares? Como desenvolver a tal propósito o diálogo entre as diversas
Igrejas particulares, «cum Petro e sub Petro»?
37. Como tornar mais acessíveis
e ágeis, possivelmente gratuitos, os procedimentos para o reconhecimento dos
casos de nulidade? (n. 48).
38. A pastoral sacramental a
favor dos divorciados recasados precisa de um ulterior aprofundamento,
avaliando também a prática ortodoxa e tendo presente «a distinção entre
situação objetiva de pecado e circunstâncias atenuantes» (n. 52). Quais são as
perspetivas em que agir? Quais os passos possíveis? Quais sugestões para
resolver formas de impedimentos indevidas ou desnecessárias?
39. As normas atuais permitem
dar respostas válidas aos desafios levantados pelos matrimónios mistos e pelos
interconfessionais? É necessário ter em consideração também outros elementos?
A cura pastoral das pessoas
com tendência homossexual levanta hoje novos desafios, devidos também à maneira
como são socialmente propostos os seus direitos.
40. Como a comunidade cristã
dirige a sua atenção pastoral às famílias que, no seu seio, têm pessoas com
tendência homossexual? Evitando qualquer discriminação injusta, de que modo se
pode cuidar das pessoas em tais situações, à luz do Evangelho? Como propor-lhes
as exigências da vontade de Deus sobre a sua situação?
A transmissão da vida e o
desafio da diminuição da natalidade (nn. 57-59)
A transmissão da vida
constitui um elemento fundamental da vocação-missão da família: «Os cônjuges
saibam que são cooperadores do amor de Deus Criador e como que seus intérpretes
na tarefa de transmitir a vida humana e de a educar; e devem considerá-la como
uma missão que lhes compete» (Gaudium et Spes, 50).
41. Quais os passos mais
significativos que foram dados para anunciar e promover eficazmente a abertura
à vida e a beleza e a dignidade humana de ser mãe ou pai, à luz por exemplo
da Humanae Vitae do Beato Paulo VI? Como promover o
diálogo com as ciências e as tecnologias biomédicas, de maneira que seja
respeitada a ecologia humana do gerar?
42. Uma maternidade/paternidade
generosa tem necessidade de estruturas e instrumentos. A comunidade cristã vive
uma solidariedade e subsidiariedade efetivas? Como? É corajosa na proposta de
soluções válidas também a nível sociopolítico? Como encorajar a adoção e o
acolhimento como sinal elevadíssimo de generosidade fecunda? Como promover o
cuidado e o respeito pelas crianças?
43. O cristão vive a
maternidade/paternidade como resposta a uma vocação. Na catequese é
suficientemente salientada esta vocação? Quais são os percursos formativos
propostos para que ela oriente efetivamente as consciências dos esposos?
Estamos conscientes das graves consequências das mudanças demográficas?
44. Como é que a Igreja combate
o flagelo do aborto, promovendo uma eficaz cultura da vida?
O desafio da educação e o
papel da família na evangelização (nn. 60-61)
45. Para os pais, nem sempre é
fácil desempenhar a sua missão educadora: encontram solidariedade e apoio no
seio da comunidade cristã? Que percursos formativos devem ser sugeridos? Quais
passos devemos dar a fim de que a tarefa educativa dos pais seja reconhecida
também a nível sociopolítico?
46. Como promover nos pais e na
família cristã a consciência do dever da transmissão da fé como dimensão
intrínseca da própria identidade cristã?
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