28 de dezembro de 2012
Mensagem do Papa para a Jornada Mundial da Juventude
MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI PARA A XXVIII JORNADA MUNDIAL DA
JUVENTUDE NO RIO DE JANEIRO, EM JULHO DE 2013
«Ide e fazei discípulos entre as nações!» (cf. Mt 28,19)
Queridos jovens, Desejo fazer chegar a todos vós minha
saudação cheia de alegria e afeto. Tenho a certeza que muitos de vós
regressastes a casa da Jornada Mundial da Juventude em Madrid mais «enraizados
e edificados em Cristo, firmes na fé» (cf. Col 2,7). Este ano, inspirados pelo
tema: «Alegrai-vos sempre no Senhor» (Fil 4,4) celebramos a alegria de ser
cristãos nas várias Dioceses. E agora estamo-nos preparando para a próxima
Jornada Mundial, que será celebrada no Rio de Janeiro, Brasil, em julho de
2013. Desejo, em primeiro lugar, renovar a vós o convite para participardes
nesse importante evento. A conhecida estátua do Cristo Redentor, que se eleva
sobre àquela bela cidade brasileira, será o símbolo eloquente deste convite:
seus braços abertos são o sinal da acolhida que o Senhor reservará a todos
quantos vierem até Ele, e o seu coração retrata o imenso amor que Ele tem por
cada um e cada uma de vós. Deixai-vos atrair por Ele! Vivei essa experiência de
encontro com Cristo, junto com tantos outros jovens que se reunirão no Rio para
o próximo encontro mundial! Deixai-vos amar por Ele e sereis as testemunhas de
que o mundo precisa. Convido a vos preparardes para a Jornada Mundial do Rio de
Janeiro, meditando desde já sobre o tema do encontro: «Ide e fazei discípulos
entre as nações» (cf. Mt 28,19). Trata-se da grande exortação missionária que
Cristo deixou para toda a Igreja e que permanece atual ainda hoje, dois mil
anos depois. Agora este mandato deve ressoar fortemente em vosso coração. O ano
de preparação para o encontro do Rio coincide com o Ano da fé, no início do
qual o Sínodo dos Bispos dedicou os seus trabalhos à «nova evangelização para a
transmissão da fé cristã». Por isso me alegro que também vós, queridos jovens,
sejais envolvidos neste impulso missionário de toda a Igreja: fazer conhecer
Cristo é o dom mais precioso que podeis fazer aos outros.
1. Uma chamada urgente
A história mostra-nos muitos jovens que, através do dom
generoso de si mesmos, contribuíram grandemente para o Reino de Deus e para o
desenvolvimento deste mundo, anunciando o Evangelho. Com grande entusiasmo,
levaram a Boa Nova do Amor de Deus manifestado em Cristo, com meios e
possibilidades muito inferiores àqueles de que dispomos hoje em dia. Penso, por
exemplo, no Beato José de Anchieta, jovem jesuíta espanhol do século XVI, que
partiu em missão para o Brasil quando tinha menos de vinte anos e se tornou um
grande apóstolo do Novo Mundo. Mas penso também em tantos de vós que se dedicam
generosamente à missão da Igreja: disto mesmo tive um testemunho surpreendente
na Jornada Mundial de Madri, em particular na reunião com os voluntários. Hoje,
não poucos jovens duvidam profundamente que a vida seja um bem, e não veem com
clareza o próprio caminho. De um modo geral, diante das dificuldades do mundo
contemporâneo, muitos se perguntam: E eu, que posso fazer? A luz da fé ilumina esta
escuridão, nos fazendo compreender que toda existência tem um valor
inestimável, porque é fruto do amor de Deus. Ele ama mesmo quem se distanciou
ou esqueceu d’Ele: tem paciência e espera; mais que isso, deu o seu Filho,
morto e ressuscitado, para nos libertar radicalmente do mal. E Cristo enviou os
seus discípulos para levar a todos os povos este alegre anúncio de salvação e
de vida nova. A Igreja, para continuar esta missão de evangelização, conta
também convosco. Queridos jovens, vós sois os primeiros missionários no meio
dos jovens da vossa idade! No final do Concílio Ecumênico Vaticano II, cujo
cinquentenário celebramos neste ano, o Servo de Deus Paulo VI entregou aos
jovens e às jovens do mundo inteiro uma Mensagem que começava com estas
palavras: «É a vós, rapazes e moças de todo o mundo, que o Concílio quer
dirigir a sua última mensagem, pois sereis vós a recolher o facho das mãos dos
vossos antepassados e a viver no mundo no momento das mais gigantescas
transformações da sua história, sois vós quem, recolhendo o melhor do exemplo e
do ensinamento dos vossos pais e mestres, ides constituir a sociedade de
amanhã: salvar-vos-eis ou perecereis com ela». E concluía com um apelo:
«Construí com entusiasmo um mundo melhor que o dos vossos antepassados!» (Mensagem
aos jovens, 8 de dezembro de 1965). Queridos amigos, este convite é
extremamente atual. Estamos passando por um período histórico muito particular:
o progresso técnico nos deu oportunidades inéditas de interação entre os homens
e entre os povos, mas a globalização destas relações só será positiva e fará
crescer o mundo em humanidade se estiver fundada não sobre o materialismo mas
sobre o amor, a única realidade capaz de encher o coração de cada um e unir as
pessoas. Deus é amor. O homem que esquece Deus fica sem esperança e se torna
incapaz de amar seu semelhante. Por isso é urgente testemunhar a presença de
Deus para que todos possam experimentá-la: está em jogo a salvação da
humanidade, a salvação de cada um de nós. Qualquer pessoa que entenda essa
necessidade, não poderá deixar de exclamar com São Paulo: «Ai de mim se eu não
anunciar o Evangelho» (1 Cor 9,16).
2. Tornai-vos discípulos de Cristo
Esta chamada missionária vos é dirigida também por outro
motivo: é necessário para o nosso caminho de fé pessoal. O Beato João Paulo II
escrevia: «É dando a fé que ela se fortalece» (Encíclica Redemptoris missio,
2). Ao anunciar o Evangelho, vós mesmos cresceis em um enraizamento cada vez
mais profundo em Cristo, vos tornais cristãos maduros. O compromisso missionário
é uma dimensão essencial da fé: não se crê verdadeiramente, se não se
evangeliza. E o anúncio do Evangelho não pode ser senão consequência da alegria
de ter encontrado Cristo e ter descoberto n’Ele a rocha sobre a qual construir
a própria existência. Comprometendo-vos no serviço aos demais e no anúncio do
Evangelho, a vossa vida, muitas vezes fragmentada entre tantas atividades
diversas, encontrará no Senhor a sua unidade; construir-vos-eis também a vós
mesmos; crescereis e amadurecereis em humanidade. Mas, que significa ser
missionário? Significa acima de tudo ser discípulo de Cristo e ouvir sem cessar
o convite a segui-Lo, o convite a fixar o olhar n’Ele: «Aprendei de mim, porque
sou manso e humilde de coração» (Mt 11,29). O discípulo, de fato, é uma pessoa
que se põe à escuta da Palavra de Jesus (cf. Lc 10,39), a quem reconhece como o
Mestre que nos amou até o dom de sua vida. Trata-se, portanto, de cada um de
vós deixar-se plasmar diariamente pela Palavra de Deus: ela vos transformará em
amigos do Senhor Jesus, capazes de fazer outros jovens entrar nesta mesma
amizade com Ele. Aconselho-vos a guardar na memória os dons recebidos de Deus,
para poder transmiti-los ao vosso redor. Aprendei a reler a vossa história
pessoal, tomai consciência também do maravilhoso legado recebido das gerações
que vos precederam: tantos cristãos nos transmitiram a fé com coragem,
enfrentando obstáculos e incompreensões. Não o esqueçamos jamais! Fazemos parte
de uma longa cadeia de homens e mulheres que nos transmitiram a verdade da fé e
contam conosco para que outros a recebam. Ser missionário pressupõe o
conhecimento deste patrimônio recebido que é a fé da Igreja: é necessário
conhecer aquilo em que se crê, para podê-lo anunciar. Como escrevi na
introdução do YouCat, o Catecismo para jovens que vos entreguei no Encontro
Mundial de Madri, «tendes de conhecer a vossa fé como um especialista em
informática domina o sistema operacional de um computador. Tendes de
compreendê-la como um bom músico entende uma partitura. Sim, tendes de estar
enraizados na fé ainda mais profundamente que a geração dos vossos pais, para
enfrentar os desafios e as tentações deste tempo com força e determinação»
(Prefácio).
3. Ide!
Jesus enviou os seus discípulos em missão com este mandato:
«Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura! Quem crer e for
batizado será salvo» (Mc 16,15-16). Evangelizar significa levar aos outros a
Boa Nova da salvação, e esta Boa Nova é uma pessoa: Jesus Cristo. Quando O
encontro, quando descubro até que ponto sou amado por Deus e salvo por Ele,
nasce em mim não apenas o desejo, mas a necessidade de fazê-lo conhecido pelos
demais. No início do Evangelho de João, vemos como André, depois de ter
encontrado Jesus, se apressa em conduzir a Ele seu irmão Simão (cf. 1,40-42). A
evangelização sempre parte do encontro com o Senhor Jesus: quem se aproximou
d’Ele e experimentou o seu amor, quer logo partilhar a beleza desse encontro e
a alegria que nasce dessa amizade. Quanto mais conhecemos a Cristo, tanto mais queremos
anunciá-lo. Quanto mais falamos com Ele, tanto mais queremos falar d’Ele.
Quanto mais somos conquistados por Ele, tanto mais desejamos levar outras
pessoas para Ele. Pelo Batismo, que nos gera para a vida nova, o Espírito Santo
vem habitar em nós e inflama a nossa mente e o nosso coração: é Ele que nos
guia para conhecer a Deus e entrar em uma amizade sempre mais profunda com
Cristo. É o Espírito que nos impulsiona a fazer o bem, servindo os outros com o
dom de nós mesmos. Depois, através do sacramento da Confirmação, somos
fortalecidos pelos seus dons, para testemunhar de modo sempre mais maduro o
Evangelho. Assim, o Espírito de amor é a alma da missão: Ele nos impele a sair
de nós mesmos para «ir» e evangelizar. Queridos jovens, deixai-vos conduzir pela
força do amor de Deus, deixai que este amor vença a tendência de fechar-se no
próprio mundo, nos próprios problemas, nos próprios hábitos; tende a coragem de
«sair» de vós mesmos para «ir» ao encontro dos outros e guiá-los ao encontro de
Deus.
4. Alcançai todos os povos
Cristo ressuscitado enviou os seus discípulos para dar
testemunho de sua presença salvífica a todos os povos, porque Deus, no seu amor
superabundante, quer que todos sejam salvos e ninguém se perca. Com o
sacrifício de amor na Cruz, Jesus abriu o caminho para que todo homem e toda
mulher possa conhecer a Deus e entrar em comunhão de amor com Ele. E constituiu
uma comunidade de discípulos para levar o anúncio salvífico do Evangelho até os
confins da terra, a fim de alcançar os homens e as mulheres de todos os lugares
e de todos os tempos. Façamos nosso esse desejo de Deus! Queridos amigos,
estendei o olhar e vede ao vosso redor: tantos jovens perderam o sentido da sua
existência. Ide! Cristo precisa de também de vós. Deixai-vos envolver pelo seu
amor, sede instrumentos desse amor imenso, para que alcance a todos,
especialmente aos «afastados». Alguns encontram-se geograficamente distantes,
enquanto outros estão longe porque a sua cultura não dá espaço para Deus;
alguns ainda não acolheram o Evangelho pessoalmente, enquanto outros, apesar de
o terem recebido, vivem como se Deus não existisse. A todos abramos a porta do
nosso coração; procuremos entrar em diálogo com simplicidade e respeito: este
diálogo, se vivido com uma amizade verdadeira, dará seus frutos. Os «povos»,
aos quais somos enviados, não são apenas os outros Países do mundo, mas também
os diversos âmbitos de vida: as famílias, os bairros, os ambientes de estudo ou
de trabalho, os grupos de amigos e os locais de lazer. O jubiloso anúncio do
Evangelho se destina a todos os âmbitos da nossa vida, sem exceção. Gostaria de
destacar dois campos, nos quais deve fazer-se ainda mais solícito o vosso
empenho missionário. O primeiro é o das comunicações sociais, em particular o
mundo da internet. Como tive já oportunidade de dizer-vos, queridos jovens,
«senti-vos comprometidos a introduzir na cultura deste novo ambiente
comunicador e informativo os valores sobre os quais assenta a vossa vida! [...]
A vós, jovens, que vos encontrais quase espontaneamente em sintonia com estes
novos meios de comunicação, compete de modo particular a tarefa da
evangelização deste “continente digital”» (Mensagem para o XLIII Dia Mundial
das Comunicações Sociais, 24 de maio de 2009). Aprendei, portanto, a usar com sabedoria
este meio, levando em conta também os perigos que ele traz consigo,
particularmente o risco da dependência, de confundir o mundo real com o
virtual, de substituir o encontro e o diálogo direto com as pessoas por
contatos na rede. O segundo campo é o da mobilidade. Hoje são sempre mais
numerosos os jovens que viajam, seja por motivos de estudo ou de trabalho, seja
por diversão. Mas penso também em todos os movimentos migratórios, que levam
milhões de pessoas, frequentemente jovens, a se transferir e mudar de Região ou
País, por razões econômicas ou sociais. Também estes fenômenos podem se tornar
ocasiões providenciais para a difusão do Evangelho. Queridos jovens, não
tenhais medo de testemunhar a vossa fé também nesses contextos: para aqueles
com quem vos deparareis, é um dom precioso a comunicação da alegria do encontro
com Cristo.
5. Fazei discípulos!
Penso que já várias vezes experimentastes a dificuldade de
envolver os jovens da vossa idade na experiência da fé. Frequentemente tereis
constatado que em muitos deles, especialmente em certas fases do caminho da
vida, existe o desejo de conhecer a Cristo e viver os valores do Evangelho, mas
tal desejo é acompanhado pela sensação de ser inadequados e incapazes. Que
fazer? Em primeiro lugar, a vossa solicitude e a simplicidade do vosso
testemunho serão um canal através do qual Deus poderá tocar seu coração. O
anúncio de Cristo não passa somente através das palavras, mas deve envolver
toda a vida e traduzir-se em gestos de amor. A ação de evangelizar nasce do
amor que Cristo infundiu em nós; por isso, o nosso amor deve conformar-se
sempre mais ao d’Ele. Como o bom Samaritano, devemos manter-nos solidários com
quem encontramos, sabendo escutar, compreender e ajudar, para conduzir, quem
procura a verdade e o sentido da vida, à casa de Deus que é a Igreja, onde há
esperança e salvação (cf. Lc 10,29-37). Queridos amigos, nunca esqueçais que o
primeiro ato de amor que podeis fazer ao próximo é partilhar a fonte da nossa
esperança: quem não dá Deus, dá muito pouco. Aos seus apóstolos, Jesus ordena:
«Fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e
do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei» (Mt
28,19-20). Os meios que temos para «fazer discípulos» são principalmente o
Batismo e a catequese. Isto significa que devemos conduzir as pessoas que
estamos evangelizando ao encontro com Cristo vivo, particularmente na sua
Palavra e nos Sacramentos: assim poderão crer n’Ele, conhecerão a Deus e
viverão da sua graça. Gostaria que cada um de vós se perguntasse: Alguma vez
tive a coragem de propor o Batismo a jovens que ainda não o receberam? Convidei
alguém a seguir um caminho de descoberta da fé cristã? Queridos amigos, não
tenhais medo de propor aos jovens da vossa idade o encontro com Cristo. Invocai
o Espírito Santo: Ele vos guiará para entrardes sempre mais no conhecimento e
no amor de Cristo, e vos tornará criativos na transmissão do Evangelho.
6. Firmes na fé
Diante das dificuldades na missão de evangelizar, às vezes sereis
tentados a dizer como o profeta Jeremias: «Ah! Senhor Deus, eu não sei falar,
sou muito novo». Mas, também a vós, Deus responde: «Não digas que és muito
novo; a todos a quem eu te enviar, irás» (Jr 1,6-7). Quando vos sentirdes
inadequados, incapazes e frágeis para anunciar e testemunhar a fé, não tenhais
medo. A evangelização não é uma iniciativa nossa nem depende primariamente dos
nossos talentos, mas é uma resposta confiante e obediente à chamada de Deus, e
portanto não se baseia sobre a nossa força, mas na d’Ele. Isso mesmo
experimentou o apóstolo Paulo: «Trazemos esse tesouro em vasos de barro, para
que todos reconheçam que este poder extraordinário vem de Deus e não de nós» (2
Cor 4,7). Por isso convido-vos a enraizar-vos na oração e nos sacramentos. A
evangelização autêntica nasce sempre da oração e é sustentada por esta: para
poder falar de Deus, devemos primeiro falar com Deus. E, na oração, confiamos
ao Senhor as pessoas às quais somos enviados, suplicando-Lhe que toque o seu
coração; pedimos ao Espírito Santo que nos torne seus instrumentos para a
salvação dessas pessoas; pedimos a Cristo que coloque as palavras nos nossos
lábios e faça de nós sinais do seu amor. E, de modo mais geral, rezamos pela
missão de toda a Igreja, de acordo com a ordem explícita de Jesus: «Pedi, pois,
ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!» (Mt 9,38). Sabei
encontrar na Eucaristia a fonte da vossa vida de fé e do vosso testemunho
cristão, participando com fidelidade na Missa ao domingo e sempre que possível
também durante a semana. Recorrei frequentemente ao sacramento da
Reconciliação: é um encontro precioso com a misericórdia de Deus que nos
acolhe, perdoa e renova os nossos corações na caridade. E, se ainda não o
recebestes, não hesiteis em receber o sacramento da Confirmação ou Crisma
preparando-vos com cuidado e solicitude. Junto com a Eucaristia, esse é o
sacramento da missão, porque nos dá a força e o amor do Espírito Santo para
professar sem medo a fé. Encorajo-vos ainda à prática da adoração eucarística:
permanecer à escuta e em diálogo com Jesus presente no Santíssimo Sacramento,
torna-se ponto de partida para um renovado impulso missionário. Se seguirdes
este caminho, o próprio Cristo vos dará a capacidade de ser plenamente fiéis à
sua Palavra e de testemunhá-Lo com lealdade e coragem. Algumas vezes sereis
chamados a dar provas de perseverança, particularmente quando a Palavra de Deus
suscitar reservas ou oposições. Em certas regiões do mundo, alguns de vós
sofrem por não poder testemunhar publicamente a fé em Cristo, por falta de
liberdade religiosa. E há quem já tenha pagado com a vida o preço da própria
pertença à Igreja. Encorajo-vos a permanecer firmes na fé, certos de que Cristo
está ao vosso lado em todas as provas. Ele vos repete: «Bem-aventurados sois
vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo tipo de mal
contra vós, por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa
recompensa nos céus» (Mt 5,11-12).
7. Com toda a Igreja
Queridos jovens, para permanecer firmes na confissão da fé
cristã nos vários lugares onde sois enviados, precisais da Igreja. Ninguém pode
ser testemunha do Evangelho sozinho. Jesus enviou em missão os seus discípulos
juntos: o mandato «fazei discípulos» é formulado no plural. Assim, é sempre
como membros da comunidade cristã que prestamos o nosso testemunho, e a nossa
missão torna-se fecunda pela comunhão que vivemos na Igreja: seremos
reconhecidos como discípulos de Cristo pela unidade e o amor que tivermos uns
com os outros (cf. Jo 13,35). Agradeço ao Senhor pela preciosa obra de
evangelização que realizam as nossas comunidades cristãs, as nossas paróquias,
os nossos movimentos eclesiais. Os frutos desta evangelização pertencem a toda
a Igreja: «um é o que semeia e outro o que colhe», dizia Jesus (Jo 4,37). A
propósito, não posso deixar de dar graças pelo grande dom dos missionários, que
dedicam toda a sua vida ao anúncio do Evangelho até os confins da terra. Do
mesmo modo bendigo o Senhor pelos sacerdotes e os consagrados, que ofertam
inteiramente as suas vidas para que Jesus Cristo seja anunciado e amado. Desejo
aqui encorajar os jovens chamados por Deus a alguma dessas vocações, para que
se comprometam com entusiasmo: «Há mais alegria em dar do que em receber!» (At
20,35). Àqueles que deixam tudo para segui-Lo, Jesus prometeu o cêntuplo e a
vida eterna (cf. Mt 19,29). Dou graças também por todos os fiéis leigos que se
empenham por viver o seu dia-a-dia como missão, nos diversos lugares onde se
encontram, tanto em família como no trabalho, para que Cristo seja amado e
cresça o Reino de Deus. Penso particularmente em quantos atuam no campo da
educação, da saúde, do mundo empresarial, da política e da economia, e em
tantos outros âmbitos do apostolado dos leigos. Cristo precisa do vosso empenho
e do vosso testemunho. Que nada – nem as dificuldades, nem as incompreensões –
vos faça renunciar a levar o Evangelho de Cristo aos lugares onde vos
encontrais: cada um de vós é precioso no grande mosaico da evangelização!
8. «Aqui estou, Senhor!»
Em suma, queridos jovens, queria vos convidar a escutar no
íntimo de vós mesmos a chamada de Jesus para anunciar o seu Evangelho. Como
mostra a grande estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, o seu coração
está aberto para amar a todos sem distinção, e seus braços estendidos para
alcançar a cada um. Sede vós o coração e os braços de Jesus. Ide testemunhar o
seu amor, sede os novos missionários animados pelo seu amor e acolhimento.
Segui o exemplo dos grandes missionários da Igreja, como São Francisco Xavier e
muitos outros. No final da Jornada Mundial da Juventude em Madrid, dei a bênção
a alguns jovens de diferentes continentes que partiam em missão. Representavam
a multidão de jovens que, fazendo eco às palavras do profeta Isaías, diziam ao Senhor:
«Aqui estou! Envia-me» (Is 6,8). A Igreja tem confiança em vós e vos está
profundamente grata pela alegria e o dinamismo que trazeis: usai os vossos
talentos generosamente ao serviço do anúncio do Evangelho. Sabemos que o
Espírito Santo se dá a quantos, com humildade de coração, se tornam disponíveis
para tal anúncio. E não tenhais medo! Jesus, Salvador do mundo, está conosco
todos os dias, até o fim dos tempos (cf. Mt 28,20). Dirigido aos jovens de toda
a terra, este apelo assume uma importância particular para vós, queridos jovens
da América Latina. De fato, na V Conferência Geral do Episcopado
Latino-Americano, realizada em Aparecida, no ano de 2007, os bispos lançaram
uma «missão continental». E os jovens, que constituem a maioria da população naquele
continente, representam uma força importante e preciosa para a Igreja e para a
sociedade. Por isso sede vós os primeiros missionários. Agora que a Jornada
Mundial da Juventude retorna à América Latina, exorto todos os jovens do
continente: transmiti aos vossos coetâneos do mundo inteiro o entusiasmo da
vossa fé. A Virgem Maria, Estrela da Nova Evangelização, também invocada sob os
títulos de Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora de Guadalupe, acompanhe cada
um de vós em vossa missão de testemunhas do amor de Deus. A todos, com especial
carinho, concedo a minha Bênção Apostólica.
Vaticano, 18 de outubro de 2012.
10 de dezembro de 2012
Campanha para a Evangelização
Com a Campanha para a Evangelização todos os
fiéis são chamados a adquirir uma consciência cada vez maior da sua
participação na obra evangelizadora da Igreja como exigência da graça batismal
e viabilizar esta participação, seja nas atividades da obra evangelizadora da
sua comunidade eclesial, seja pela oração, seja pela sua oferta material que
garante os recursos necessários para que a Igreja no Brasil possa realizar
projetos evangelizadores.
“Venha dividir um pouco do que é só seu
para
multiplicar o que podemos fazer por todos”.
Realize o gesto concreto da campanha para a evangelização nas celebraçõds do próximo final de semana. Tudo que for doado em todas as missas e celebrações é para evangelizar!
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