22 de julho de 2011

FESTA DE SANTA MARIA MADALENA

Das Homilias sobre os evangelhos, de São Gregório Magno, papa

(Hom.25,1-2.4-5:PL 76,1189-1193)(Séc.VI)

Sentia o desejo ardente de encontrar a Cristo,
que julgava ter sido roubado
Maria Madalena, tendo ido ao sepulcro, não encontrou o corpo do Senhor. Julgando que
fora roubado, foi avisar aos discípulos. Estes vieram também ao sepulcro, viram e
acreditaram no que a mulher lhes dissera. Sobre eles está escrito logo em seguida: Os
discípulos voltaram então para casa (Jo 20,10). E depois acrescenta-se: Entretanto,
Maria estava do lado de fora do túmulo, chorando (Jo 20,11).

Este fato leva-nos a considerar quão forte era o amor que inflamava o espírito dessa
mulher, que não se afastava do túmulo do Senhor, mesmo depois de os discípulos terem
ido embora. Procurava a quem não encontrara, chorava enquanto buscava e, abrasada no
fogo do seu amor, sentia a ardente saudade daquele que julgava ter sido roubado. Por
iso, só ela o viu então, porque só ela o ficou procurando. Na verdade, a eficácia das
boas obras está na perseverança, como afirma também a voz da Verdade: Quem
perseverar até o fim, esse será salvo (Mt 10,22).

Ela começou a procurar e não encontrou nada; continuou a procurar, e conseguiu
encontrar. Os desejos foram aumentando com a espera, e fizeram com que chegasse a
encontrar. Pois os desejos santos crescem com a demora; mas se diminuem com o
adiamento, não são desejos autênticos. Quem experimentou este amor ardente, pôde
alcançar a verdade. Por isso afirmou Davi: Minha alma tem sede de Deus, e deseja o
Deus vivo. Quando terei a alegria de ver a face de Deus? (Sl 41,3). Também a Igreja
diz no Cântico dos Cânticos: Estou ferida de amor (Ct 5,8). E ainda: Minha alma
desfalece (cf.Ct 5,6).

Mulher, por que choras? A quem procuras? (Jo 20,15). É interrogada sobre o motivo de
sua dor, para que aumente o seu desejo e, mencionando o nome de quem procurava, se
inflame ainda mais o seu amor por ele.

Então Jesus disse: Maria (Jo 20,16). Depois de tê-la tratado pelo nome comum de
mulher sem que ela o tenha reconhecido, chama-a pelo próprio nome. Foi como se lhe
dissesse abertamente: Reconhece aquele por quem és reconhecida. Não é entre outros,
de maneira geral, que te conheço, mas especialmente a ti. Maria, chamada pelo próprio
nome, reconhece quem lhe falou; e imediatamente exclama: Rabuni, que quer dizer
Mestre (Jo 20,16). Era ele a quem Maria Madalena procurava exteriormente; entretanto,
era ele que a impelia interiormente a procurá-lo.

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