“Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria” (Doc. Aparecida, 29)
Algumas perguntas para início de conversa:
O que é a Bíblia?
Como é o teu contato com a Palavra de Deus?
O que significa dizer que a catequese precisa ser evangelizadora?
Como é a tua catequese?
Um ponto de partida
Hoje se fala de uma nova evangelização, ou seja, uma postura que deseja o despertar da fé, mesmo nos países católicos por tradição.
Conversão pastoral para um novo contexto
Não se pode manter uma prática evangelizadora reduzida a devoções fragmentadas, participação ocasional em alguns sacramentos, repetição de princípios doutrinais e morais, o que não irá resistir ao embate do tempo (DAp 12).
Em tempos de nova evangelização é urgente um novo rosto da catequese - CATEQUESE EVANGELIZADORA
Plano Diocesano de Ação Evangelizadora 2012-2015
08 – OBJETIVO GERAL: EVANGELIZAR, a partir de Jesus Cristo e na força do Espírito Santo, como Igreja discípula, missionária e profética, alimentada pela Palavra de Deus e pela Eucaristia, à Luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, na Renovação Paroquial rumo ao Reino definitivo.
O discípulo missionário de Jesus Cristo faz parte do Povo de Deus e vive sua fé em comunidade. Sem a pertença à vida comunitária, não há como concretizar o Reino de Deus, inaugurado, entre nós, por Jesus. A comunidade exerce a dimensão da acolhida e, ao mesmo tempo, é formadora de discípulos missionários, enviados em missão, sendo portadores da Boa Notícia do Mestre, em um tempo marcado pela mudança de época. Na busca por uma vida comunitária, é fortalecida a fraternidade.
Em nossa Igreja particular, ao assumirmos a Renovação Paroquial, queremos uma evangelização inculturada no mundo urbano. É preciso conhecer a cidade e sua realidade complexa. Tanto nos grandes centros urbanos como nos pequenos, é preciso passar de uma pastoral de conservação para uma pastoral missionária, com ênfase na evangelização. E isso exige conversão pessoal e pastoral.
Para atrair os distanciados para o encontro pessoal com Jesus Cristo, nossas paróquias necessitam se tornar comunidades vivas e dinâmicas.
Queremos que a paróquia seja uma rede de comunidades: comunidade de comunidades, onde as pessoas acolhem a Boa Notícia de Jesus em sua realidade local. É preciso que estas comunidades se unam na partilha da fé e na missão para concretizarmos o caminho escolhido que é o da setorização paroquial, não só em unidades territoriais menores como também em comunidades afetivas e ambientais.
Na setorização vamos continuar investindo nos Grupos de Famílias os quais tem marcado positivamente a vida eclesial de nossa Diocese.
A setorização é uma prioridade em nossa Igreja Particular (Diocese). É um extraordinário espaço de evangelização num mundo que é cada vez mais urbano e que tende a isolar as pessoas num individualismo nada evangélico.
a) Muitos dos fiéis batizados não são evangelizados. As crianças que fazem a Primeira Comunhão Eucarística não perseveram, os jovens crismados somem da Igreja. Muitos casais casam-se na Igreja, mas depois não vivem como Igreja, não fazem de sua família uma “Igreja doméstica”. Essa defasagem entre a recepção dos sacramentos e o modo de viver a fé não está de acordo com o Evangelho de Cristo. É preciso que haja uma nova evangelização. Não podemos continuar sendo Igreja que se limita a distribuir sacramentos, sem a devida evangelização. Daí a razão pastoral dos setores como um dos meios de evangelização.
b) Nos setores, pequenas células das comunidades e da paróquia, faz-se a experiência de Igreja nas casas, nas ruas e condomínios. Com os setores não construímos templos de pedra ou madeira, mas comunidades vivas.
c) Os setores são um belo modo de ser Igreja: Igreja missionária, Igreja nas ruas, nas casas, Igreja Povo de Deus. Não podemos permanecer na sacristia, nem na secretaria paroquial. Em vez de ficar reclamando que o povo não vem às missas, às nossas reuniões etc., nós é que temos de ir ao encontro do povo, ir aonde o povo está. Os verbos ir, sair, partir, caminhar, tão próprios da atividade missionária, são muito usados no livro dos Atos dos Apóstolos para falar da atividade missionária das primeiras comunidades cristãs.
d) Nos setores há continuidade da catequese em família, da catequese com adultos. Neles surgem novas lideranças, vocações e ministérios.
e) A cultura e a sociedade atuais favorecem muito o anonimato e o individualismo. O ser humano, criado para a comunhão, não suporta a solidão, nem a massificação. Almeja o encontro, o diálogo, a experiência de comunidade. Os setores oferecem oportunidade de encontro e associação, amizade e entre-ajuda.
f) Os setores colaboram para que nossa ação pastoral, evangelizadora e missionária faça a passagem de uma pastoral da conservação para uma pastoral da criatividade, da renovação das estruturas, da conversão pastoral das pessoas, das comunidades e de toda a Igreja.
CATEQUESE QUERIGMÁTICA
Vem de keryx = anunciador
Kerygma = anúncio
Querigma
“O termo 'querigma' é uma derivação do verbo keryssein (pregar, proclamar, tornar conhecido) e designa, já desde os primeiros dias do cristianismo, o núcleo central da 'boa notícia' da salvação de Jesus Cristo...
...É o primeiro anúncio do evangelho, cuja a essência é proclamar um grande acontecimento de salvação, até então jamais pensado ou imaginado: que o homem Jesus de Nazaré é o Filho de Deus, que assumiu inteiramente a carne humana, que abraçou a cruz, morreu e ressuscitou para a salvação de todos”.(D. JOSÉ PERUZZO)
É o primeiro momento da Evangelização
Proclamação de Jesus Cristo: Seu amor, a salvação, sua vida, morte e ressurreição!
É uma comunicação afetiva, entusiasta da fé.
“Quem não crer, não experimentará; e quem não tiver experimentado, não entenderá” (Santo Anselmo)
O Espírito do Senhor está sobre mim, me ungiu para proclamar...
Reafirmando... Querigma:
Não tem a fé como pressuposto.
Deseja acender a fé e o encontro pessoal com Jesus Cristo.
Reafirmando... Querigma:
Não é uma comunicação de verdades teóricas, mas de uma experiência de fé.
Centra-se na pessoa de Jesus Cristo e o seu Reino.
O discurso de Pedro após Pentecostes!
Exemplos
At 2,14-41 (discurso de Pedro aos judeus)
At 10,34-48 (discurso de Pedro aos gentios)
QUERIGMA O que é?
O Documento de Aparecida estimula muito a proclamação do querigma como o anúncio central da fé em Cristo, do Reino que começa com a sua chegada, da salvação que oferece a todo aquele que crê, do destino de vida eterna e da vivência da fé como irmãos na Igreja, antecipação e realização do Reino já neste mundo.
O querigma é a narração aos que não creem do que Jesus faz por mim como Messias e Senhor. Não é uma teoria, uma filosofia, uma ideologia, mas a proclamação de um acontecimento salvífico que está ocorrendo.
Um olhar para a realidade
Passamos por uma mudança de época: espaço virtual, globalização, tecnologia e pesquisa.
Mudam‑se os referenciais do juízo ético, dos padrões histórico‑culturais. Esses padrões nos deixam com a sensação de que nosso passado se perdeu na distância do tempo, pois ficou velho demais, os padrões são outros.
Isso nos leva a uma crise de sentido da vida, ao subjetivismo exacerbado, e muitas vezes ficamos perdidos diante da pluralidade de concepções e alternativas.
A fé é posta à prova com a crise de valores: banalização da pessoa, corrupção, destruição do meio ambiente, e o sucesso de conversões motivadas pela teologia da prosperidade.
O impacto do pluralismo cultural e religioso marca o fim da era de Cristandade e põe em crise o paradigma tradicional da transmissão da fé.
Assumir o modelo catecumenal exige uma prática pastoral que abandone o conceito de Cristandade.
Diante desta realidade: A NECESSIDADE DO PRIMEIRO ANÚNCIO
Não podemos pensar que as pessoas já sejam EVANGELIZADAS. Mais do que nunca se faz necessário o “primeiro anúncio” em todas as formas de catequese e que todo encontro de fiéis se torne ocasião para recuperar o coração da fé (querigma) e o convite para a adesão inicial.
Entre tantas propostas de fé, urge fazer a experiência no Deus uno e trino, como comunidade de amor. Conhecer e relacionar‑se com Jesus de Nazaré e sentir‑se incomodado com o anúncio do Reino.
Sentimos a urgência de desenvolver em nossas comunidades um processo de iniciação na vida cristã que comece pelo querigma e que, guiado pela Palavra de Deus, conduza ao encontro pessoal, cada vez maior, com Jesus Cristo [...] e que leve à conversão, ao seguimento em uma comunidade eclesial e a um amadurecimento de fé na prática dos sacramentos, do serviço e da missão. (DAp 289)
Alimenta-se essa experiência do encontro no cultivo da amizade com Cristo na oração, no apreço pela celebração litúrgica, na experiência comunitária e no compromisso apostólico mediante um permanente serviço aos demais. (DAp 299)
Proclamar o querigma é suscitar a fé em Jesus de Nazaré como Messias e Filho de Deus, de modo que tal aceitação se atualize em salvação para o INICIANTE.
A catequese querigmática vai nos ajudar a ser mais testemunhais em nossa maneira de propor a fé. Sobretudo se nós cremos e vivemos pela fé: “Quanto a nós, não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos” (At 4,20)
Ou, então: “O que contemplamos e o que as nossas mãos apalparam da Palavra da Vida — vida esta que se manifestou, que nós vimos e testemunhamos, vida eterna que a vós anunciamos” (1Jo 1,1‑ 2).
Anunciar o querigma implica comunicar a própria experiência de fé, posicionar‑se como pessoa de fé numa sociedade que duvida, questiona, põe à prova as convicções do missionário.
Não se trata só de falar a verdade de fé, antes se trata de apresentar um estilo de vida, uma postura, um modo de ser no mundo, em que se demonstra a fé na qual se crê, se celebra e se estabelece relações com o próximo.
Só se empolga o ouvinte com a mensagem de vida que se tem a oferecer, mas que, antes de tudo, é mensagem de vida para quem anuncia. A vibração interior é fundamental.
[...] O centro do primeiro anúncio (querigma) é a pessoa de Jesus, proclamando o Reino como uma nova e definitiva intervenção de Deus que salva com um poder superior àquele que utilizou na criação do mundo. Essa Salvação “é o grande dom de Deus, libertação de tudo aquilo que oprime a pessoa humana, sobretudo do pecado e do Maligno, na alegria de conhecer a Deus e ser por ele conhecido, de o ver e se entregar a ele” (EN 9; DGC 101).
O querigma apresenta o primeiro anúncio vigoroso da pessoa de Jesus Cristo, do Reino, da Igreja e da salvação.
“Aqueles que serão seus discípulos já o buscam (cf. Jo 1,38), mas é o Senhor quem os chama: ‘Segui‑me’(Mc 1,17; Mt 9,9).
É necessário descobrir o sentido mais profundo da busca, assim como é necessário propiciar o encontro com Cristo que dá origem à iniciação cristã”. (Ap 278ª)
“Se não houver uma boa acolhida, todos os trabalhos, todas as ações e a comunidade em si estão fadados ao fracasso. Ninguém quer permanecer onde não é bem acolhido. Para que um trabalho dê frutos é preciso, primeiro, que seus agentes sintam‑se acolhidos.” (PEREIRA, José Carlos. Pastoral da acolhida. Guia de implantação, formação e atuação dos agentes. São Paulo: Paulinas, 2009. p. 13‑1 4)
Como acolhemos as pessoas é o que faz a diferença e determina como vão ser as coisas de agora em diante. A acolhida feita por Jesus é um gesto de amor e só quem ama acolhe aqueles que são vítimas do desamor. A acolhida provoca transformações mútuas. Ao acolhermos, somos, simultaneamente, acolhidos e essa reciprocidade é transformadora, provocadora de situações que geram outros gestos de amor.
“Acolher significa oferecer refúgio, proteção ou conforto. É mostrar, com gestos e palavras, que a comunidade paroquial é o espaço onde se pode encontrar essa segurança.” (PEREIRA, José Carlos)
Por quais meios é possível hoje aproximar nossos catequizandos de um encontro amoroso com Deus em Jesus Cristo? Como podem se sentir amados, chamados, acolhidos, perdoados?
Sabemos que “muitas vezes, a pessoa sincera que sai de nossa Igreja não o faz pelo que os grupos “não católicos” crêem, mas, fundamentalmente por causa de como eles vivem; não por razões doutrinais, mas vivenciais; não por motivos estritamente dogmáticos, mas pastorais; não por problemas teológicos, mas metodológicos de nossa Igreja. Esperam encontrar respostas a suas inquietações. Procuram, não sem sérios perigos, responder a algumas aspirações que, quem sabe, não têm encontrado, como deveria ser, na Igreja” (DAp 225).
A evangelização se dá em dois momentos sucessivos que são complementares e interdependentes:
O Querigma: Primeiro anúncio de Jesus
A Catequese: Ensino progressivo da fé
A catequese, para produzir fruto abundante, que permaneça, deve estar em seu lugar: sempre depois do anúncio querigmático. O querigma é apresentar Jesus, de modo que o indivíduo tenha uma experiência pessoal do Amor de Deus, suscitando nele uma resposta de fé e entusiasmo por Deus e sua Igreja. Somente, então, o indivíduo sentirá desejo e necessidade de se aprofundar na vida nova que experimentou. Então, ele mesmo buscará a catequese para consolidar sua fé em Jesus e na sua Igreja.
QUERIGMA | CATEQUESE | |
objetivo | nascer de novo, ter vida | crescer em Cristo, ter vida em abundância. |
conteúdo | anúncio de Jesus, morto, Salvador, Ressuscitado, Senhor, Glorificado e Messias. | Conteúdos da fé, moral, dogmas, Bíblia, etc. |
método | proclamação de Jesus como a Boa Nova e o testemunho pessoal, visando estimular a vontade do evangelizando (= aquele que está sendo evangelizado). | Interação fé e vida ensino ordenado e progressivo da Fé de toda Igreja, visando iluminar o entendimento. |
agente | o evangelizador, que é uma testemunha cheio do Espírito Santo | o catequista, que é um mestre cheio do Espírito Santo |
meta | encontro pessoal com Jesus pela fé e conversão e a proclamação de Jesus como Senhor e Salvador | o encontro com o Corpo de Cristo: a comunidade Igreja e, assim, desenvolver a santidade do povo de Deus |
resposta | resposta pessoal: Meu Senhor e meu Salvador | resposta comunitária: Nosso Senhor, Nosso Salvador |
Nenhum comentário:
Postar um comentário